Cycle Chic: andar de bicicleta é um exercício de estilo

Como pedalar sem perder o charme? Essa é a proposta do CycleChic, um movimento que – além de proporcionar o exercício físico, provoca também o exercício do estilo. Os obstáculos para escolher a bicicleta como meio de transporte vão desde lugares onde estacionar a bike, ciclovias, e etc. E o vestuário também pode ser uma barreira, pois muitas pessoas não podem chegar no trabalho com roupas esportivas. O Cycle Chic defende que qualquer roupa que você usa como pedestre também pode ser usada para pedalar.

Obviamente o movimento surgiu na Europa (e não no Senegal) – ou seja, é mais fácil ser estiloso em cima de uma bicicleta na Europa, já que dificilmente as pessoas derretem de tanto calor por lá. Em se tratando da nossa querida cidade, a coisa ainda dá uma piorada. As fotos abaixo, tirei em Florença, antes mesmo de saber o que era CycleChic. As cenas me chamaram a atenção:

Três meninas bem vestidas, montadas em suas bikes. Sendo que uma delas optou por uma saia (!) bem curtinha. E a outra tá até com uma echarpe a tiracolo. Cenas bem improváveis de se ver na ciclovia de Santos.

“Se você vai usar a bicicleta para atividades esportivas ou pedalar em corridas, vai precisar de equipamentos e roupas específicas. Mas se você quiser ir de bicicleta ao trabalho ou ao supermercado, em distâncias curtas, você não precisa de nada especial. Basta abrir seu armário” – Mikael Colville-Andersen

O termo CycleChic foi criado em 2006 pelo dinamarquês Mikael Colville-Andersen, que foi apelidado de “o Sartorialist de duas rodas”. Mikael é fotógrafo, cineasta e estimula o uso da bicicleta como meio de transporte – usando suas belas fotos – ao invés de textos e manifestos. O argumento de Mikael é ótimo e me convenceu: ao invés de roupas esportivas, ele defende o uso de roupas normais para pedalar – desencadeando um movimento em vários países, que adaptaram o conceito ao seu clima.

Outro efeito provocador por Mikael: seu blog Copenhagem CycleChic acabou gerando outros blogs – criados para publicar como os Cycle Chics se vestem ao redor do mundo. Exemplos: Barcelona CycleChic, Toronto BikeChic, CycleChic Belgium, Mexico CycleChic, Sydney CycleChic, Auckland CycleChic, Amsterdamize, Malmo Lünd CycleChic, entre outros.

Entre os brasileiros estão o Curitiba CycleChic e o São Paulo CycleChic – mas ambos mais reproduzem do que produzem conteúdo. Infelizmente os europeus fazem isso com mais maestria do que nós.

Para as mulheres são comuns o uso de saia e salto, e para os homens calça social, sapato ou tênis arrumadinho. Paletó e terno podem fazer parte do styling nos dias menos quentes. A segurança não é deixada de lado, mas ao invés de itens com cara de esportivos, escolhe-se itens mais camuflados, como casacos, chapéus, mochilas e bolsas com faixas reflexivas. Marcas como a Oakley já lançaram coleções específicas para atender aos adeptos.

Já existem também eventos segmentados, como o Dublin Cycle Fashion Show, e o Cycle Chic Fashion Show, unindo pedaladas ao universo da moda.

Curiosidade: Agyness Deyn é a musa do movimento, escolhida após desfilar com sua bicicleta em inúmeras ocasiões. Garota esperta.