Como Apoiar o Empreendedorismo Materno

Semana passada, Ana Carolina Moreira Bavon, fundadora e diretora da Feminaria (já foi falado sobre ela nesse post 9 Minas de Santos que Nasceram para te Inspirar) chocou as redes sociais com de um texto em que informava o cancelamento de sua participação em um dos maiores eventos sobre empreendedorismo do Brasil.

O motivo: a entrada de crianças menores de 14 anos não será permitida. Ou seja, o público interessado em participar e que precisaria levar seus filhos não poderá usufruir do evento.

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Entre as justificativas para essa proibição, duas me chamaram muita atenção: o organizador já realiza eventos para este público, como feiras de artesanato (oi?); e algumas pessoas podem confundir o evento com um passeio familiar.

Isso fez sentido para você? Para mim, não. Por isso, esse post não é para comentar de forma isolada sobre o caso, mas para expandir os pensamentos sobre o empreendedorismo materno e como apoiá-lo.

Primeiro, vamos aos dados. 

Metade das mulheres que usufruem da licença-maternidade são desligadas da empresa em que trabalhavam em até seis meses.

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E mais: as mulheres nem sempre são bem vistas durante uma entrevista de emprego ao responder se possuem dependentes – isso faz com que muitas portas se fechem. Talvez por isso, 21% das mulheres levem mais de três anos para retornar ao mercado de trabalho convencional (enquanto essa taxa para os homens seja de apenas 2%).

Seja decisão da empresa ou da mulher, o fato é que o modelo tradicional de trabalho não atende à maioria das expectativas de ambos os lados e são poucas as empresas dispostas a mudar isso. Sendo assim, uma grande parcela dessas novas mães busca outras formas de gerar renda – e aí nasce uma empreendedora.

Legal saber também que o empreendedorismo feminino é responsável por mais de 50% dos novos negócios criados no Brasil. Dessa fatia, mais de 50% das gestoras têm filhos!

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Então vamos encarar que o empreendedorismo materno não é brincadeira. É realidade, profissionalismo e seriedade.

Agora com os dados em mente, vamos pensar em formas de colaborar para que cada vez mais mães possam ter seu espaço profissional:

1. Apoie as pessoas por trás das empresas

Primeiro de tudo: todo empreendedor merece um incentivo. Uma das perguntas que as mães empreendedoras mais escutam é “Como você vai conseguir conciliar tudo isso?”, pois realmente é difícil equilibrar tantos pratos de uma só vez. Empreender e ser mãe já são duas tarefas bastante difíceis e nem sempre tão românticas quanto dizem.

Então invés de trazer pensamentos negativos e frases desestimulantes, dê apoio e incentive. Acredite no potencial! E quando essas mesmas mulheres se levantarem para exigir que sejam vistas como mais que mães, mas também como grandes profissionais – afinal, uma coisa não anula a outra.

Entre nessa luta. Todos temos a ganhar.

2.  Empatia e Inclusão

A única diferença entre mãe e “não-mãe” é que a primeira possui uma rotina muito mais turbulenta porque os filhos estão no topo da lista de prioridades, pau a pau com seu próprio trabalho. Então temos que abrir espaço para que essas mulheres consigam conciliar tanto o lado maternal quanto o profissional. Ou você ainda acredita que mulher precisa escolher entre filhos ou carreira?

Isso significa oferecer locais/eventos acessíveis para mães com filhos, pois quando se barra a presença de crianças, por consequência se barra a de seu cuidador. Você pode até não concordar que uma mãe vá com um bebê em um evento voltado para negócios, como foi o caso do tópico que gerou esse post. Mas e se essa for a única forma para que essa mulher adquira mais conhecimento e, consequentemente, se torne uma profissional mais competente?

Aliás, é injusto pensar que todos têm as mesmas possibilidades. Pode ser que não exista alguém que a mãe possa deixar a criança; ou ela pode ter vindo de outra cidade e precisou trazer o bebê (que inclusive pode ainda estar mamando). Seja compreensivo! Além de liberar a entrada dos filhos, alguns detalhes, como a disponibilidade de um trocador ou espaço kids, podem trazer uma experiência muito mais produtiva para todos. Inclusão é a palavra.

Esse texto publicado por Manuela D’Ávila também faz um questionamento muito interessante sobre o motivo de ela rotineiramente trabalhar e levar sua filha junto, mesmo sendo uma figura pública.

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3. Usufrua e Indique

Temos que desmistificar: Empresa com gestora mulher e mãe não significa amadorismo! Inclusive, se engana quem acha que as mães empreendedoras fazem apenas artesanato – apesar da justificativa equivocada do organizador do evento (do caso lá no começo do post). Há, sim, muitas artesãs incríveis que são mães. Mas não se resume a um só nicho.

Elas também criam empresas de tecnologia, são arquitetas, contadoras e publicitárias. Se antes eram repórteres em jornais tradicionais, agora lançam plataformas inovadoras de conteúdo (será que você sabe de quem estou falando?). Elas fazem moda, elaboram novos produtos, organizam eventos e descobrem formas inéditas para solucionar problemas antigos.

Elas são profissionais competentes e que dão muito de si para o negócio ir pra frente. Então indique, compre e usufrua do serviço e/ou produto dessas empresárias. Ali tem muita dedicação, otimização de tempo e hard work.

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O resultado desses três itens é termos cada vez mais mulheres gerando renda e se inserindo no ecossistema empreendedor, buscando a equidade e encontrando o equilíbrio no mercado de trabalho. Além, é claro, da realização profissional que representa para cada uma dessas profissionais. Ótimo ou excelente?

Há, ainda, projetos como o Maternativa e o B2Mamy que compartilham conhecimento e apoio entre as mães empreendedoras.

Se você é mãe empreendedora e se identificou com o post, compartilhe com seus amigos.

E ainda, que tal contar um pouco sobre sua empresa nos comentários? 🙂