Um navio tomba por dia no Estuário de Santos
No dia 11 de agosto, as imagens impressionantes da queda de 47 contêineres do navio Log in Pantanal no mar de Santos circularam no seu feed, nos grupos de Whatsapp e até no noticiário televisivo nacional.
Leia matéria de José Cláudio Pimentel e Mariane Rossi no G1
Estamos falando de um acidente de grandes proporções que chocou a região e o país e chama a atenção por seu caráter emergencial e pela carga “perdida” (entre muitas aspas, aliás) nas ondas. Mas precisamos falar sobre as ocorrências diárias que acontecem por aqui e quase ninguém divulga.
Conversamos com William Rodriguez Schepis, do Instituto Ecofaxina, pra entender as consequências disso e ficamos chocadas quando ele veio com a frase que dá título a esse texto.
“(O equivalente a) Um navio por dia tomba no Estuário de Santos”
Vamos explicar.
Recentemente, casos pontuais como a queda dos contêineres, o caso dos cilindros de gás tóxico “esquecidos” no Porto de Santos e as falhas na dragagem da cava subaquática têm gerado notícias e muita discussão sobre o estado de conservação dos nossos mares.
Só que a nossa negligência diária – como indivíduos e como sociedade – despeja toneladas de plástico e de outros resíduos inadequados diariamente no oceano que banha a nossa linda região.
“Existe um problema muito grave e constante e ninguém fala disso. Todo mundo vê os produtos ao mar, mas não enxerga que as embalagens causam mais dano ao longo do tempo”.
Até porque as mercadorias – tinha até bicicleta e mochilas – foram retiradas pela comunidade da área continental e o seguro da armadora paga essa conta.
Mas e quem arca com o custo ambiental da sujeira do Estuário?
As tartarugas, peixes e demais animais do mar do litoral sul de São Paulo estão ingerindo diariamente esse descarte indevido de plástico.
“O (dejeto) plástico (no mar) é tão prejudicial quando um derramamento de petróleo, porque o próprio material é derivado dele. Tem pescador vendendo caranguejo contaminado com micro e nanoplástico e só conseguimos pensar em bicicletas e mochilas boiando na água”.
A questão é mais do que ambiental, mas também “vaza”, literalmente, para o lado social. É preciso que o poder público marque presença nas áreas degradadas de mangue o ano inteiro, e não só na época da eleição.
A administração deve também cobrar as autoridades portuárias nesse sentido.
O problema fica cada vez mais sério e está mais próximo do que a gente imagina.
A próxima vez que você for ao Deck do Pescador clicar aquela foto linda pra postar no Instagram, dê uma olhada no rastro de lixo causado pelo homem e pense sobre isso.