Porque o café é um abraço em uma caneca que resolve muita coisa
Minha fama já vai longe. Tanto que os amigos começaram a me dar presentinhos relacionados ao tema: café.
Um caso de amor. E de incapacidade cognitiva se eu ficar sem minhas cerca de seis xícaras diárias. Quer ajudar a manter meu bom humor e minha disposição? Me mantenha alimentada e com café à mão.
Coffee is a hug in a mug, diz o ditado – não tenho certeza da origem; quem souber, me conta. Ou café é um abraço em uma caneca.
Quem dirá que não?
Café quentinho conforta
Quando há tristeza envolvida, quase enxuga lágrimas. Parece dizer, enquanto olhamos para ele, praticamente borra no fundo de mais uma xícara, “eu te entendo, vem cá…”
Dá o start em mais um dia. Reinicia esse dia quando tomado no começo da tarde. Tenho uma invejinha particular de quem toma mais uma dose a noite, antes de dormir. Não posso, lá vem a insônia. Mas às vezes parece que quando a insônia chega de qualquer jeito, por diferentes motivos, só um cafezinho me ajudaria a colocar os pensamentos nos eixos.
Não arrisco e a insônia vence. Quando o dia amanhece, no entanto, é ele, o café, meu herói para seguir em frente.
Nós de Santos, terra do café, crescemos entendendo que foi principalmente graças a seus grãos que estávamos ali, construindo parte das nossas histórias. Estufamos o peito, orgulhosos, quando indicamos aos visitantes a bela Bolsa do Café como passeio indispensável na cidade. A bebida negra é parte da nossa identidade.
Fui iniciada em tal arte na casa dos meus avós paternos, em São Vicente. É verdade que o café da vó Amélia vinha direto da garrafa térmica doce de travar a mandíbula. Bastante açúcar. Quase bombom líquido. Um deleite para crianças sempre atrás de gostosuras. Eu mergulhava bolachas de Maisena nele. Meu irmão mergulhava o pão com manteiga. Cenas no rol das melhores lembranças de infância.
Aprender a tirar o açúcar foi com um namorado. Aprender a compreender sabores e aromas foi como editora de uma revista de gastronomia. Aprender que eu só funciono com ele ao meu lado foi durante uma semana proibida de tomar meu querido por causa de uma gastrite. Eu mal completava uma tarefa simples.
Puro incentivo líquido
Alguns vão me chamar de viciada. Outros, de exagerada. Pra mim, café é um incentivo de ideias, um criador de encontros. O que a gente diz quando quer estar junto com alguém? “Vamos tomar um café?” É convite que afirma: quero passar um tempo com você.
A bebida é especial e histórica. É celebrada no mundo em 14 de abril e no Brasil em 24 de maio (tem aqui, inclusive, 24 dicas do Juicy Santos para os amantes da cafeína).
E talvez, quem sabe, se a gente investisse mais tempo tomando bons cafés uns com os outros (porque quem toma café com os amigos VIVE MAIS), olho no olho, caneca na mão, não estaríamos vivendo atuais dias tão amargos como sociedade…
Suzane é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia e escritora. É autora no blog Fale Ao Mundo e lançou o livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da viralatinha Charlotte.