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O mês da mulher acabou. E o que nós ganhamos?

Esqueça por um momento as flores, poemas, vídeos, músicas…

Troque tudo por mais empatia.

Ao ver uma mulher em dificuldades, tente se colocar no lugar dela e oferecer ajuda.

Pode ser uma mãe desesperada com um filho que esperneia no chão do mercado, uma grávida precisando de assento no metrô ou no ônibus, uma trabalhadora que acabou de ser demitida após a licença maternidade, uma vítima de violência doméstica que precisa de um ouvido amigo para desabafar… se prestar mais atenção, você enxergará inúmeras oportunidades.

Sugestões para você

mulheres

Não julgue, apenas pergunte:

“Você precisa de ajuda? Como posso ajudar?”

Elogie uma mulher, mas não da maneira tradicional, visando a aparência. Já tem gente especializada nisso.

Seja original. Diga como ela é forte. Ou inteligente. Ou talentosa.

Exalte sua coragem, não somente para grandes feitos, mas também por se mostrar frágil. Ou por ter tomado uma decisão difícil. E sobretudo, nunca elogie uma mulher diminuindo outra mulher.

Não compare mulheres, especialmente corpos de mulheres, essa moda já passou. Cada uma delas é única.

Se você for mulher, experimente um pouco de união, em vez de competição.

www.juicysantos.com.br - mulheres unidasFoto: Becca Tapert para Unsplash

Sim, eu sei que é difícil. Fomos doutrinadas para desconfiar e competir umas com as outras. Mas experimente tentar entender, antes de rotular uma mulher. Talvez as razões dela sejam diferentes das suas, a história dela nada tenha a ver com a sua, mas ainda assim talvez ela seja mais parecida contigo do que você imagina… Mulheres, quando se unem pelo bem comum, fazem revoluções.

Tenha consciência de seus privilégios ao lidar com uma mulher. Não use apenas a sua experiência de vida como parâmetro para determinar que uma mulher “está exagerando”, “se fazendo de vítima” ou “de mimimi”.

Reconheça que existem, sim, diferenças de raça, gênero, classe, renda, oportunidades, dinâmica familiar, aparência, personalidade, etc. Não é porque você não viveu dificuldades ligadas a essas diferenças que elas não existem e não incomodam ou ferem pessoas. O que é fácil para você pode ser impossível para outra mulher.

www.juicysantos.com.br - negras poderosas em muro coloridoFoto: Clarke Sanders para Unsplash

Valorize o trabalho de uma mulher. Especialmente aquelas que resolvem empreender no Brasil. E também aquelas que abdicam da carreira pela vida domestica, por opção ou necessidade.

Valorize mulheres que criam e constroem coisas, pessoas e laços entre pessoas. Compre produtos e serviços feitos por mulheres.

Empregue mulheres competentes: procure por elas, especialmente fora de seu círculo sócio-econômico.

Você encontrará muitas delas, sedentas por uma oportunidade. Convença sua empresa a contratar mulheres que já são mães ou em idade reprodutiva. Se for possível, crie jornadas flexíveis para mulheres-mães poderem mostrar seus talentos e competências, sem precisarem abdicar do cuidado com os filhos pequenos. Contrate também mulheres acima de 40 anos. Valorize a experiência profissional da mulher mais velha. E lute pela equiparação salarial em relação aos homens.

Mulheres valorizadas profissionalmente formam uma força de trabalho altamente dedicada, que gera mais lucro.

Não interrompa uma mulher quando está falando ou expondo um argumento, mesmo que você o considere equivocado. Se for homem, pare de tentar explicar as coisas para uma mulher, especialmente coisas que ela já sabe. Nunca roube ideias de uma mulher e apresente-as como se fossem suas. Outras pessoas podem não saber que você faz isso, mas ela sabe. Dê o devido crédito, sempre.

Sendo homem ou mulher: pare de chamar uma mulher de “louca”. Escute o que ela tem a dizer.

O que você chama de loucura pode ser algo reprimido, não manifesto por inúmeras razões, mas que precisa vir à tona para transformar uma situação ou um relacionamento. Pare de deslegitimar uma mulher simplesmente porque ela se emociona ao abordar um assunto. Ou porque ela está com raiva. Entenda os motivos dela e ela terá mais compreensão dos seus motivos também.

www.juicysantos.com.br - gif mulheres unidas

Evite os estereótipos de gênero. Desconfie, questione.

As mulheres são mesmo mais sensíveis que os homens? Tem mais talento para cuidar de pessoas do que os homens? Ou isso nos foi ensinado lá na infância? Biologia não é destino!

Homens também podem aprender a cuidar e isso fará deles melhores homens, melhores pais, sem ferir masculinidades (quem se sente ameaçado em sua masculinidade por questionar papéis de gênero precisa de ajuda). Seres humanos cuidam de seres humanos. Quando esse cuidado é atribuído apenas ao feminino, perpetuamos o mito da mulher que “dá conta de tudo com um sorriso no rosto”. E já não somos mais tão sorridentes, como você deve ter percebido.

Se você é homem, faça sua parte nas tarefas domésticas. Especialmente no cuidado com as crianças. Não suponha que “ela leva mais jeito”. Aprenda. Pergunte. Mesmo que ela critique o seu jeito de fazer. Não use as críticas dela como desculpa para não fazer a sua parte. Não transforme o relacionamento num jogo de “quem trabalhou mais” ou “quem está mais cansado”. Acredite quando ela diz que está cansada. Faça sem ela ter que pedir. Antecipe-se. Você consegue!

www.juicysantos.com.br - mulheres unidas jamais serão vencidas

Ao contrário do que diz o senso comum, mulheres não são difíceis. Só precisam ter mais espaço, escuta e confiança para manifestar suas reais necessidades e desejos, sem serem julgadas ou rotuladas. Se ficar confuso sobre o que ela quer ou não, pergunte. Ou apenas observe. Um olhar verdadeiramente interessado e empático é um presente valioso, que agrada a todas as mulheres, sempre.

Por Veronica Lira, ceramista e blogueira no Alternativas da Educação

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