O clássico tempo certo das coisas
Diz o ditado: Deus não demora, capricha.
Eu sempre acho que Deus tem mais o que fazer do que olhar pra cada pedido da nossa lista infinita. Vai Ele, com tanta confusão e tragédia por aí, se dar ao trabalho de gastar anos preparando tudo exatamente do jeito (egóico) que a gente espera?
Não vai.
Ir bem na prova? Estuda. Acertar na Mega-Sena? Tem quem nem jogue e queira ganhar mesmo assim! Um novo emprego? Corre atrás, faz networking, esteja qualificado. E encontrar o amor, aquele, que vai mudar tudo pra melhor?
Reza a lenda que relacionamentos, por mais amor e companheirismo que carreguem, exigem tolerância, resiliência, compreensão, respeito, confiança… Pode ser lindo e feliz, claro. Mas é mais transpiração do que inspiração e magia.
Você está preparada (o) para esse exercício diário?
Foto: Hutomo Abrianto para Unsplash
Talvez seja a hora de pedir menos e agradecer mais. Se não a Deus, àquilo em que cada um acredita. Inclusive a quem nos estende a mão, que está aí para o que der e vier.
Quando foi a última vez que você disse “muito obrigada(o)” a quem segurou ou tem segurado suas ondas, por vezes mais fortes e revoltas do que as que arrebentam as muretas da Ponta da Praia em dia de ressaca?
O clássico “tempo certo das coisas” me parece ter menos a ver com o quanto esperamos rezando e muito mais com as atitudes que tomamos e com o reconhecimento da beleza de cada fase que vivemos.
Tem gente que gasta tanta energia mental no que está por vir, que esquece de curtir o presente. Ou que no desespero de alcançar o sonho idealizado faz escolhas erradas que acabam em sofrimento, sem nem notar as boas oportunidades que atravessam o caminho.
Foto: Anna Sullivan para Unsplash
Quanto dos seus desejos e comportamentos são mais padrão do que coração? Pense nisso. Não estou dizendo, por favor, que você deixe de lado suas crenças, sua fé, suas orações. Apenas que olhe com sinceridade para o que tanto pede ao universo e pouco faz para merecer.
Suzane G. Frutuoso é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia e escritora. É autora no blog Fale Ao Mundo e lançou o livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da viralatinha Charlotte.