Não existe vida feliz: o ditado budista que mudou minha visão do mundo
Quando eu era adolescente e levei meu primeiro fora amoroso, minha mãe fez as três melhores coisas que se pode fazer por alguém que estreia no mundo do coração partido: me abraçou até eu parar de chorar, fez chá de capim-cidreira e me deu um presentinho afetuoso.
Jogada na cama, fungando o nariz e de olhos inchados, abri devagar o embrulho do presente. Revelou-se um livro fininho que trazia alguns pensamentos budistas.
A reflexão que mais bateu fundo naquela situação de decepção inédita foi uma que aparecia logo nas primeiras páginas.
“Não existe vida feliz. Existem momentos felizes em um vida.”
Nunca mais esqueci essa ideia, que considerei uma verdade útil. Tanto para lembrar quando algo não vai bem (e tudo bem, porque vai passar) quanto para lembrar quando está tudo maravilhoso (que é pra gente aproveitar, absorver o máximo dessa energia, mas com aquele pé no chão para não se frustrar assim que os desafios voltarem).
Parecer feliz x ser feliz
Em tempos de redes sociais estamos sempre achando que a felicidade está atrelada àquilo que podemos mostrar e parecer. O resultado é que não entendemos quando “parecemos” felizes para todos, mas não nos “sentimos” felizes para nós. Estamos, simplesmente, entendendo errado o que é felicidade.
Não é uma eterna sensação de sucesso e conquistas – como já me dizia desde a adolescência o livrinho budista.
É muito mais serenidade e equilíbrio do que euforia ou se fazer importante para quem nem importa – como eu concluí ao pensar no que realmente me desperta as sensações que se transformam em sorriso no rosto:
- ser recebida pela minha cachorrinha como se eu tivesse atravessado um portal mágico, mesmo que nossa separação tenha levado apenas dez minutos;
- andar de braço dado com meu sobrinho pela rua enquanto trocamos altas ideias, e perceber que o menino bom vai virando um cara legal;
- ver o brilho nos olhos dos meus pais quando me reencontram, comer o brigadeiro que minha cunhada faz (ela também tem a melhor gargalhada que conheço), ouvir a voz do meu irmão em seu programa de rádio mesmo quando estou longe, pela internet.
Foto: Alvin Balemesa
Poderia dar outros tantos exemplos. Felizmente os tenho.
Mas esses aí mostram que um dos maiores motivos de felicidade vêm da tranquilidade de saber que não estamos sós. E essa certeza que eu já carregava se confirmou semana passada, ao concluir um curso a distância do Centro Paula Souza sobre Felicidade. Isso mesmo. Para virar especialista em ver o copo sempre mais para cheio, existe um curso sobre felicidade! 🙂
Com base na psicologia positiva, o conteúdo destaca a importância de reforçar e ter orgulho das nossas características legais e não apenas se martirizar pelas besteiras que fazemos. De encontrar o melhor nos nossos relacionamentos, e não procurar pelo em ovo que acaba em DR.
Claro que analisar, compreender e mudar nossos comportamentos negativos, que causam mal a nós mesmos e a quem nos cerca, é essencial para experimentarmos relações saudáveis e uma vida prazerosa. Assim como ninguém tem que aturar relações tóxicas, egoístas, que machucam.
Mas também gera felicidade gostar de quem se é e colocar o nosso melhor à serviço da sociedade. E também traz essa tal serenidade feliz deixar pra lá essa mania de TER que dizer umas verdades para as pessoas com quem nos relacionamos.
O curso é interessante para resgatar ou despertar o ser gentil consigo mesmo. Inclusive relacionando a felicidade ao cuidado com a saúde física e emocional.
Estudar a felicidade é tão bom que já me matriculei em mais um EAD sobre o tema, agora da Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos – uma das instituições de ensino mais renomadas do mundo. O curso The Science of Happiness (A Ciência da Felicidade) dura oito semanas, tem certificado e ensina o que é uma vida com propósito e significado através da neurociência, da psicologia positiva, da biologia evolutiva e outras áreas de pesquisa sobre o comportamento. Recomendo!
Ser feliz, portanto, nunca estará naquilo que podem invejar. Estará sempre naquilo que ninguém, seja a situação que for, pode nos tirar.
Suzane é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia, escritora e professora. Autora no blog Fale Ao Mundo e lançou o livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da viralatinha Charlotte.