Ambição não é pecado. É impulso
Tenho pra mim que uma das piores confusões que o ser humano faz é entre ambição e ganância. A primeira impulsiona, ajuda a traçar metas, a desejar crescer tanto para nosso próprio bem quanto para o bem de quem nos cerca. A ganância passa por cima de tudo e de todos. A qualquer preço. Péssimo. E com o conceito de ganância devidamente explicitado, vamos nos concentrar na…
…ambição.
Irmã da determinação, melhor amiga da coragem.
O brasileiro tem vergonha de se auto-intular ambicioso, mas se gaba, por exemplo, de pequenas corrupções do dia a dia como se fosse o espertão do quarteirão. Como pode?
No caso das mulheres ser ambiciosa, então, gente… “Só pode ser má/interesseira/egoísta”, falam por aí os que se dizem santos – mas a-do-ram julgar. Especialmente se é alguém que tá se dando melhor na vida do que eles.
Foi a ambição que me fez juntar dinheiro para conhecer dezenas de lindos países e inumeráveis cidades do Brasil. Que me ajudou a trabalhar duro, estudar idem, comprar meu apê, realizar projetos maravilhosos, ter experiências inesquecíveis e, hoje, me desafiar deliciosamente no cotidiano de empreendedora.
Foi a ambição que me deu garra para não desistir nas horas difíceis, minhas e daqueles que amo. Foi a ambição que me ajudou a levantar muita gente no caminho pra seguir em frente.
Quando descontrolada, claro, pode surtir efeitos super adversos e se tornar uma busca por poder desmedido. Virar a tal ganância. Mas na dose certa é das bênçãos que fazem a gente viver mais, melhor, cheia de momentos e relações especiais, com grandes aprendizados, conhecimentos.
Por isso, me assustei com uma conversa que tive há alguns meses com uma jovem empreendedora da área de beleza de Praia Grande. Enquanto ela me atendia, conversávamos sobre como estamos num momento muito positivo para empreender no país, com muito mais informações, cursos e redes de apoio.
“Eu acabo não indo nessas coisas. Não vai adiantar. Adoro meu trabalho, mas sei que no Brasil só fica rico quem rouba, é ambicioso.” Ela tem 20 e poucos anos. Pensa assim das próprias possibilidades futuras. Não vê por onde realizar sonhos que exigem grana, como uma viagem bacana.
O conceito de ambição que ela carregava acredito que desfiz. Mostrando a diferença em relação à ganância e contando até onde de tão bom a saudável ambição me levou. A de quem só fica rico se roubar, acho que não deu…
Mas, gente, essa não é uma verdade, não! Tô longe de ser “rycaaaa”, tá? Conheço, porém, muita gente que construiu uma vida confortável e de realizações materiais com trabalho e, claro, sabendo realmente lidar com dinheiro. Não gastando com qualquer bobagem, aprendendo a investir, sabendo escolher. Como eu disse antes, adoro viajar e já conheci lugares lindos. Alguns considerados caros. Isso não tem a ver com riqueza. Tem a ver com planejamento – e nunca achar que é mais uma bolsa ou par de sapatos que vai me fazer feliz.
Antes de tudo, sei o meu valor pessoal. E isso me permite dar valor às questões materiais e me sentir merecedora delas. Portanto, se você também acredita que é até feio ganhar dinheiro porque isso é coisa de inescrupuloso, pense novamente. Avalie sinceramente quais são as crenças limitantes que você carrega que impedem a prosperidade.
Sem dúvida, dinheiro não é tudo. Amor, amizade, família, saúde… é o que conta. Mas com dinheiro você ganha em tranquilidade, o que é bom para a saúde, para as relações… Além de pagar aquela tarde na piscina infinita de um resort com drink na mão.
Suzane G. Frutuoso é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia e escritora. É autora no blog Fale Ao Mundo e lançou o livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da viralatinha Charlotte.