A dor da transformação
“Tô feliz mesmo”. E eu também estava.
Passava do meio da tarde daquela quarta-feira quando a Flavia, aqui do Juicy Santos, disse que eu teria esse espaço para escrever pra vocês.
É especial pra mim porque realmente admiro há muito tempo o trabalho que o time – de mulheres <3 – do portal realiza. Foi mais especial ainda receber a notícia naquele dia, de lembranças difíceis e desafios idem.
Foto: Victor Dueñas Teixeira para Unsplash
Era a quarta-feira que marcava um ano da minha separação. Zero arrependimento pelo fim. Mas retornaram memórias amargas, de um questionar sobre como chegou àquele ponto.
Como eu não percebi que pioraria? Era uma quarta-feira também em que eu lidava com pessoas que ainda acreditam no competir a todo custo, em passar por cima do outro, dar a última palavra só pra mostrar quem (acha) que manda.
Desgaste. Bullying. Ingratidão. E aquele desejo crescente de manter uma distância necessária.
Relacionamentos próximos, os de convívio diário, não são fáceis.
Por mais afeto que exista também exigem resiliência, compreensão, empatia, paciência e respeito. São uma das melhores coisas da vida.
Ninguém é uma ilha. Nos relacionamentos crescemos das mais diversas formas. Encontramos apoio, acolhimento, boas risadas, amor. Construímos juntos. Não são perfeitos, natural que rolem desacordos, até um bate-boca vez por outra. Não podem, porém e jamais, serem tóxicos, perturbadores. Um sinônimo de desvalorização do seu melhor.
Damos um basta, então. Ou botamos limite. Ou pedimos ajuda para impor esse limite. Mas, por favor, vamos embora.
Vai doer? Com certeza. Pelos mais diversos motivos.
O que não pode é carregar a dor para sempre.
Tem que usá-la como combustível para os novos caminhos e deixar partir. Por mais que ela volte em algum momento, ou por situações que nos façam lembrá-la, não pode ocupar muito tempo e moradia no coração.
Caminhe pelo jardim da praia ou com a água do mar no tornozelo… Vá se debruçar na mureta da Ponta da Praia pra admirar navios que chegam e saem… Pegue um cinema, chame a amiga para tomar o capuccino de Mulher-Maravilha no Tarantino ou folhear uns livros na Realejo… Deixe passar, junte caquinhos se precisar, fique na companhia de quem te quer bem.
E não se preocupe. As dores são apenas parte da nossa transformação. É só para nos preparar para uma nova e mais bonita fase ou oportunidade que logo vai chegar.
Por Suzane G. Frutuoso
Suzane é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia e escritora. É autora no blog Fale Ao Mundo e lançou o livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da viralatinha Charlotte.