Clique aqui e confira também nosso tema da semana

O que marcou o segundo dia do Festival GOMO de Criatividade?

Depois de um sábado inesquecível, o Festival GOMO de Criatividade teve um domingo intenso, cheio de insights, trocas e conexões que marcaram quem passou pelo Juicyhub.

O clima de criatividade tomou conta do espaço, com conversas sobre inovação, comunidades, impacto social, empreendedorismo, tecnologia e tudo o que move o futuro da comunicação.

Pra quem viveu essa experiência e quer relembrar – ou pra quem não conseguiu colar dessa vez –, aqui tem um resumão com os destaques e as falas mais legais que rolaram no evento.

Mais polarização, menos criatividade. Qual o antídoto?

O segundo dia do Festival GOMO começou com uma provocação: como a polarização está afetando nossa capacidade criativa – e o que podemos fazer para mudar isso.

Tipiti Barros trouxe uma reflexão poderosa sobre o impacto das conversas no processo de inovação. Inspirada na cultura do “Fika”, da Suécia – um convite a desacelerar, tomar um café e simplesmente conversar –, ela destacou que, em tempos tão acelerados e polarizados, conversar virou um verdadeiro ato de inovação.

Segundo Tipiti, criatividade não está restrita às artes: ela está presente em gestos simples do dia a dia, como encontrar uma solução para um problema ou escrever um bilhete para um amigo. Todos somos criativos, mas a polarização e a falta de espaço para o diálogo livre têm diminuído essa potência.

“Criatividade não está ligada apenas à arte. Todos somos criativos: seja resolvendo um problema ou escrevendo um bilhete para um amigo.”

A palestrante também falou sobre a teoria do terceiro lugar: enquanto o primeiro lugar é nossa casa (um espaço confortável, mas previsível) e o segundo lugar é o trabalho (carregado de filtros e interesses econômicos), o terceiro lugar é onde podemos simplesmente ser nós mesmos – e é onde a criatividade floresce. Cafeterias, praças e hubs de inovação como o Juicyhub cumprem esse papel, criando espaços seguros para conversas genuínas.

Tipiti alertou que a escassez de conversas afeta não só a criatividade, mas também a nossa saúde mental. Reforçando que, hoje, as pessoas tendem a não ajudar quem pensa diferente delas, colocando suas próprias verdades acima de tudo.

“Estamos perdendo habilidades sociais básicas”, disse ela. 

A mudança de mindset, segundo Tipiti, passa por resgatar a capacidade de escutar sem querer vencer debates – e lembrar que as melhores ideias nascem da cocriação, e não da imposição.

Uma fala para sair do automático e repensar como (e com quem) a gente está se conectando.

Fandom é poder: quando criatividade encontra comunidade

Na sequência, Priscilla Sampaio, Broadcaster Manager D5 em São Paulo, trouxe um painel sobre o poder dos fandoms – e como as comunidades de fãs são peças-chaves para impulsionar novidades, lançamentos e tendências no mercado atual.

Segundo ela, a criatividade ganha ainda mais força quando se conecta a uma comunidade apaixonada.

“Os fãs não apenas consomem produtos; eles criam novas narrativas, expandem universos e ajudam a construir o sucesso de marcas e artistas”, destacou.

Ela reforçou a importância de enxergar o fã como parte do processo criativo, e não apenas como um consumidor final. Além disso, falou sobre a evolução dos fandoms em estruturas cada vez mais organizadas, com fãs especializados atuando de forma profissional.

“Dentro dos fã-clubes, começam a surgir sistemas de parcerias, como acontece com influenciadores. É a virada de chave do fã para o profissional”, explicou.

Sobre lançamentos e novidades, a palestrante foi direta:

“Quando uma comunidade é engajada, ela cria expectativa, gera conversa e transforma um simples lançamento em um grande acontecimento.”

Ela ainda alertou que o relacionamento com essas comunidades precisa ser construído de forma genuína.

“Comunidade não se compra. Comunidade se conquista com escuta ativa, respeito e presença constante.”

Para Priscilla, entender a dinâmica dos fandoms é essencial para quem quer inovar na comunicação e criar conexões verdadeiras.

Desinfluenciar-se: o melhor caminho para o pensamento criativo e o bem-estar mental

No painel “Desinfluenciar-se: o melhor caminho para o pensamento criativo e o bem-estar mental”, Priscilla Rezende — conhecida por muitos como “Titia Shame” — trouxe uma reflexão necessária sobre o impacto dos influenciadores digitais na nossa criatividade e saúde mental.

Com um olhar crítico e afiado, Priscilla abordou como as redes sociais têm sido dominadas por influenciadores, independentemente de talento real. “Nem tudo que reluz é ouro”, alertou. Muitas vezes, por trás de conteúdos aparentemente inofensivos, existem narrativas falsas, manipulação, golpes e padrões irreais de vida e beleza.

Ela destacou que essa dinâmica gera feeds pasteurizados, onde todos parecem saídos da mesma linha de produção. Essa pressão, especialmente sobre mulheres que não se encaixam em padrões estéticos irreais, impacta diretamente na autoestima e na saúde mental.

“Uma bolha sem identidade, sem criatividade e sem graça”, definiu.

Priscilla defendeu que desinfluenciar-se — ou seja, consumir conteúdo de maneira crítica e consciente — é essencial para romper com essa homogeneização e reencontrar a expressão criativa individual.

Ela reforçou que é preciso coragem para nadar contra a corrente, mas é justamente nessa resistência que nascem as ideias mais interessantes, autênticas e transformadoras.

“Construir uma internet mais saudável fortalece nossa autoestima, preserva a saúde mental e abre espaço para a criatividade verdadeira.”

Comédia: a porta de entrada para ideias pesadas

Com o Juicyhub lotado e um clima de expectativa no ar, Tiago Santineli subiu ao palco para mostrar como a comédia pode ser muito mais do que apenas entretenimento: ela é uma poderosa ferramenta de criatividade, comunicação e resistência.

Créditos: Fábio Prado

Misturando exemplos práticos e histórias pessoais, Tiago explicou que o humor tem a capacidade única de quebrar barreiras, engajar o público e tornar temas complexos mais acessíveis.

“A comédia cria um espaço seguro para tocar em assuntos difíceis sem levantar defesas imediatas”, apontou.

Durante a palestra, ele também compartilhou técnicas de como incorporar elementos cômicos em apresentações, projetos e trabalhos do dia a dia — uma estratégia que aumenta a retenção de informações e ainda promove um ambiente mais leve e receptivo.

Tiago foi direto ao ponto ao falar sobre o papel da comédia na sociedade:

“O riso aproxima. Quando a gente ri junto, a gente escuta mais, entende mais e se torna menos indiferente.”

Para ele, o humor é uma forma legítima de resistência criativa, capaz de abrir conversas que, de outra forma, seriam evitadas.

“Usar a comédia é não apenas provocar o riso, mas também provocar o pensamento.”

Uma palestra para quem acredita que mudar o mundo pode (e deve) começar com uma boa gargalhada.

Criatividade na era da automação: como se diferenciar quando tudo parece igual

Mais tarde, Pedro Oliveira, diretor de criação, refletiu com a galera que trabalha (ou quer trabalhar) sobre a ideia: como se destacar em um mundo onde a inteligência artificial produz conteúdo em massa?

Pedro reforçou que, mais do que nunca, o diferencial está no storytelling humano — aquele que nasce da vivência real, da empatia e da conexão genuína com as pessoas.

“Quando a gente vê experiências humanas, a gente se conecta com a marca. Isso é importante. Mostra uma evolução de narrativa”, afirmou.

Segundo ele, o volume de conteúdo gerado por IA cria um cenário em que tudo parece muito parecido, muito ‘correto’ — mas também muito frio. E é justamente a nossa humanidade, cheia de imperfeições, sentimentos e histórias únicas, que transforma uma ideia em algo memorável.

Pedro ainda destacou que criatividade, hoje, é menos sobre perfeição e mais sobre conexão.

Mentes criativas, bolsos cheios: como fugir do clichê que criativos não prosperam

Ainda no segundo dia do Festival GOMO, Daniel Fiuza (diretor de criação e fundador da FZ Creative Studio), Brenno Lucena (diretor comercial da SB7 Som e Luz) e Ludmilla Rossi (empreendedora criativa serial) comandaram um painel sobre um dos grandes tabus da vida criativa: é possível viver bem das suas ideias?

Com uma conversa direta e cheia de experiências reais, os três convidados desafiaram o velho clichê de que criatividade e sucesso financeiro não combinam.

“A gente cresce ouvindo que ser artista é sinônimo de morrer de fome. Mas é justamente o contrário: criatividade é uma moeda poderosa, desde que a gente aprenda a usá-la a nosso favor”, destacou Daniel.

Eles compartilharam trajetórias de quem rompeu essa barreira — mostrando que talento, combinado com mentalidade empreendedora e estratégia, abre muitas portas.

O painel também trouxe dicas práticas para quem quer monetizar seu potencial criativo: desde a importância de entender seu próprio valor, até técnicas de negociação, posicionamento no mercado e construção de uma marca pessoal sólida.

Brenno reforçou que trocar o medo pela realização é um processo:

“Não é de um dia pro outro. Mas se você não acredita no seu projeto, ninguém vai acreditar também.”

A narrativa visual é uma linguagem que usa, não palavras, mas formas. Aprender a ler imagens abre espaços no nosso imaginário, criar experiências sensíveis, afetivas, simbólicas, rítmicas, temporais que constroem a sensibilidade. Em um mundo imagético, nos dá condições de não sermos manipulados.

Alfabetização visual: como ler um mundo de imagens

Rolou também o painel da Simone Matias, ilustradora e escritora, falando pra quem vive – e cria – num mundo saturado de imagens. Em “Alfabetização visual: como ler um mundo de imagens”, ela conduziu um papo profundo sobre como interpretamos o que vemos e como as imagens podem amplificar, distorcer, contrariar, amenizar ou potencializar significados.

Utilizando livros ilustrados e obras de arte como exemplos, Simone convidou o público a enxergar além da superfície e entender a narrativa por trás de cada composição visual.

“Estamos cada vez mais perdendo a sensibilidade no dia a dia e no tato com as pessoas. Ouvimos, mas não escutamos; olhamos, mas não vemos”, provocou.

A palestra foi voltada para todos aqueles que se interessam pela arte de contar histórias através da imagem: pais, educadores, bibliotecários, contadores de histórias, ilustradores, artistas visuais, designers — e qualquer pessoa curiosa sobre a força da narrativa visual.

Simone também falou sobre a importância de reordenar as formas que compõem nossa percepção diária:

“Sentimos diariamente a necessidade de reordenar as formas presentes em nossa vida — forma seria uma expressão objetiva de algo que existe na mente de quem a idealizou.”

Mais do que técnicas, ela trouxe um chamado para resgatar a sensibilidade no contato com o outro e com o mundo. Um convite para, em meio a tanto ruído visual, voltarmos a realmente ver.

Independência criativa nas redes sociais: crie você mesmo(a) de qualquer lugar e qualquer dispositivo

Com Erica Dal Bello, o painel “Independência criativa nas redes sociais: crie você mesmo(a) de qualquer lugar e qualquer dispositivo” trouxe uma aula prática e cheia de inspiração sobre como conquistar a independência criativa usando a tecnologia a nosso favor — especialmente nas redes sociais.

Com formação em TI e fotografia, e uma carreira que passa por agências de publicidade, cursos de fotografia e eventos da Adobe, Erica mostrou como o domínio dos programas de edição pode abrir portas para quem quer criar de maneira profissional, prática e com mais liberdade, usando apenas um celular, um tablet ou qualquer dispositivo que tiver à mão.

“Hoje, com as ferramentas certas, você não precisa de grandes equipamentos para produzir algo incrível. A criatividade mora no olhar, e a tecnologia está aí para potencializar isso”, destacou.

Durante a palestra, ela apresentou diferentes soluções da Adobe, mostrou truques de edição e compartilhou dicas sobre como otimizar o trabalho visual para redes sociais — seja para quem é fotógrafo, designer, criador de conteúdo ou simplesmente ama produzir arte digital.

Erica também reforçou que a criatividade, aliada ao conhecimento técnico, é o que garante autonomia para colocar ideias no mundo sem depender de terceiros.

“Quando você domina as ferramentas, você vira dono do seu próprio processo criativo. E isso não tem preço.”

Um encontro para mostrar que criatividade e tecnologia caminham juntas — e que hoje é possível criar com qualidade e personalidade de onde quer que você esteja.

#ArteQueGinga | A ancestralidade brasileira eternizada pela arte e tecnologia

Encerrando o Festival, a artista visual Mayara Ferrão proporcionou uma verdadeira imersão no cruzamento entre memória, ancestralidade e tecnologia. A partir de sua vivência como mulher negra em Salvador, ela compartilhou como experiências pessoais e coletivas moldam seu olhar artístico e alimentam suas criações.

Mayara trouxe como destaque o projeto Álbum de Desesquecimentos, uma obra potente em que utiliza inteligência artificial para reimaginar afetos apagados entre mulheres negras e originárias no Brasil colonial. Com delicadeza e força, ela mostrou como é possível usar tecnologias contemporâneas para resgatar histórias invisibilizadas, sem perder a sensibilidade e o afeto que marcam a essência do seu trabalho.

“É preciso olhar para as ausências e reconstruir essas memórias com cuidado, com amor e, principalmente, com respeito”, destacou a artista.

Durante a palestra, Mayara também compartilhou os bastidores de sua participação na série Arte que Ginga, da Adobe — um projeto que celebra trajetórias criativas negras no Brasil — e falou sobre os desafios de incorporar ferramentas tecnológicas à arte sem se desconectar das raízes e da humanidade.

O Festival GOMO de Criatividade terminou em grande estilo, com música ao vivo de Carol Meles, Carla Mariani e Lê Alcover, muito chopp gelado e uma vibe de pura conexão.

Foram dois dias intensos de trocas, aprendizados, ideias frescas e encontros que renovam a energia criativa. O GOMO mostrou que, quando a gente se junta para compartilhar conhecimento, histórias e experiências, novas possibilidades surgem — para a comunicação, para os negócios e para a vida.

E mais

  • Feira criativa com 22 marcas locais selecionadas
  • Das 13h às 17h, a programação para crianças e famílias contou com contação de histórias com Camila Genaro, recreação com Arié Recreações e uma divertida sessão de BrincaYoga.
  • JuicyCafe aberto com várias delícias;
  • Quick massage.

O evento é totalmente acessível para pessoas com deficiência e contará com tradução simultânea em Libras. Para quem não puder comparecer presencialmente, haverá transmissão ao vivo no You Tube do Juicy Santos.

Esta edição do Festival GOMO de Criatividade conta com o patrocínio de marcas visionárias, como Adobe, DP World, SB7, Alemoa e Startese, além da Prefeitura Municipal de Santos, por meio dos programas Santos Criativa e Feito em Santos. Apoiam o Festival GOMO as empresas Eletromidia, Programa JB, Juicy Santos, Fixe, Chiquinha Gonzaga Fest, VMB Eventos, Motoradio e Mkt Virtual.

Valentina Tilly
Texto por
TAGs