Texto porLuiz Gomes Otero

Milton Nascimento solta a voz nas estradas de Santos

Milton Nascimento, que completou 71 anos em outubro, mantém uma obra de valor imenso para a nossa música popular brasileira. Um cidadão do mundo, que muito embora não tenha nascido em Minas Gerais, levou o nome do Estado para os quatro cantos do planeta. E ainda conseguiu mandar recado em voz alta para a dupla que o inspirou no início de carreira (Para Lennon e McCartney).

Show do Milton Nascimento em Santos em fevereiro

Milton, cujo apelido para os amigos é Bituca, é muito mais do que um simples mentor ou integrante do movimento Clube da Esquina. Desde o início da carreira, lá nos idos de 1962, ele já despertava a atenção de outros artistas pela força de sua interpretação e belas composições, geralmente ao lado do amigo e parceiro Fernando Brandt, igualmente genial.

Cantor Milton Nascimento

Foi o cantor Agostinho dos Santos quem inscreveu Milton para participar de um festival de música nos anos 60, com a sua clássica Travessia. Daí para o primeiro disco foi apenas um passo. Depois disso vieram os dois álbuns do Clube da Esquina, ambos geniais e recheados de muitas participações especiais. Além do antológico Milagre dos Peixes, que contou com o auxílio do grupo Som Imaginário.

Nos anos seguintes vieram outros discos geniais e uma quantidade interminável de interpretações antológicas. Basta relembrarmos de Caçador de Mim (que é de autoria Sérgio Magrão e Luiz Carlos Sá), Certas Canções, Sentinela, Canção da América, Anima, Fé Cega Faca Amolada, Paula e Bebeto (parceria dele com Caetano Veloso), entre tantas outras.

Nos últimos anos, Milton investiu em projetos temáticos, como o ótimo álbum Crooner, no qual que ele mostra o seu lado como intérprete, e Pietá, com participação de cantoras da nova geração como Maria Rita (filha de sua amiga Elis Regina). Sua turnê atual celebra os 50 anos de carreira completados em 2012, tomando como base a sua primeira gravação feita em disco, com a canção Barulho de Trem.

É bem verdade que os discos mais recentes já não têm a mesma força dos álbuns dos anos 70. Mas ainda assim estão anos luz na frente de outras produções.  Como ele e o parceiro Brandt disseram em Maria Maria: “É preciso ter sonho sempre/Quem traz na pele essa marca/Possui a estranha mania de ter fé na vida“. Vida essa que fica mais fácil de entender por meio de sua obra musical.