Shakira descobre o El Dorado

Depois de conquistar o mundo e ser mãe duas vezes, a colombiana Shakira trouxe, em seu mais recente lançamento El Dorado, a mesma receita pop que vem dando certo nos últimos anos.

Ainda que não haja grandes novidades em sua sonoridade, Shakira apresenta um trabalho que confirma as tendências musicais observadas nos últimos anos.

O segredo de Shakira consiste em combinar o que se chama de uma fina estampa (entenda-se um visual sensual e jovial) com uma musicalidade que mistura elementos da música latina com os recursos eletrônicos atuais disponíveis em estúdios de gravação. Tudo é muito bem dosado, sem soar vulgar.

Para esse disco ela chamou um colaborador de longa data, Luis Fernando Ochoa, além de outros produtores com perfil global (Supa Dups, Rude Boyz e The Arcade).

Segundo afirmou a própria cantora em um evento de divulgação, o álbum tem músicas com diferentes influências dos ritmos do momento, como reggaeton e bachata, além de serem músicas pop diretas.

As faixas são realmente agradáveis de se ouvir e cantadas, em sua maioria, em Espanhol, a língua original de Shakira. As letras têm inspiração em sua vida pessoal, basicamente na relação com o marido, o jogador Gerard Pique, do Barcelona.

Você vai logo reconhecer a sonoridade da colombiana nas faixas Me Enamoré e Chantaje, esta segunda com participação de Maluma – ambas com bom potencial para tocar em rádio. When A Woman é cantada em inglês e não apresenta grandes novidades. Já em Amarillo, ela volta a cantar em espanhol e a coisa flui bem melhor, de forma leve, com pitadas pop interessantes.

Outro momento marcante foi o dueto com Nicky Jam na faixa Perro Fiel. E a melhor faixa cantada em inglês é Coconut Tree, uma canção em que Shakira explora muito bem o seu potencial para a música pop. A balada Deja Vu também confirma isso. Ela é uma ótima intérprete, acima de tudo.

Se, por um lado, uma parte da crítica foi favorável à manutenção de sua sonoridade, já há alguns setores que cobram dela algo mais ousado e diferente em termos musicais.

Eu, sinceramente, prefiro que ela continue fazendo o que gosta, porque o resultado final acaba sendo interessante para quem curte ouvir uma música pop despretensiosa.