Texto porLuiz Gomes Otero

Rumours, a obra-prima do Fleetwood Mac

Há 40 anos, a banda Fleetwood Mac começava a alçar voos mais altos na música – isso depois de lançar nove álbuns sem grande projeção na mídia desde o final dos anos 60.

O disco, intitulado Rumours, deu um rumo novo na sonoridade da banda, que mergulhou fundo no pop rock sem perder a qualidade e a consistência criativa das canções.

No final das contas, produziram uma verdadeira obra-prima musical.

Rumours se tornou um dos melhores discos de todos os tempos da história do rock, que também conseguiu alcançar grandes índices de vendagem na época.

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Na primeira metade da década de 70, a banda enfrentava um momento de crise criativa. Desde a saída do fundador e antigo líder da banda, Peter Green, o grupo vinha sendo levado pelo baterista Mick Fleetwood e pelo baixista John Mc Vie e sua então esposa, Christine McVie. Mas não conseguia emplacar sucessos nas rádios.

A chave do sucesso começou a ser descoberta com a entrada da dupla Lindsey Buckingham e Stevie Nicks, um casal que havia chamado a atenção de Mick Fleetwood. De uma forma intuitiva, ele teve a ideia de trazer os dois para a banda e acabou por encaminhar o rumo musical que faltava para obter o sucesso comercial.

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A primeira experiência com o casal Lindsey  e Stevie Nicks resultou no disco Rhiannon, que já obteve ótima repercussão na mídia e um certo reconhecimento popular. Mas foi com o álbum seguinte, Rumors, que a banda acertou a mão de vez na trilha do sucesso.

As faixas do disco funcionam tanto individualmente como em conjunto. As letras das canções, aliás, refletem ironicamente os conflitos que haviam na época: os dois casais estavam em vias de separação e a mídia sensacionalista plantava uma série de notícias inverídicas sobre os músicos. Até a paternidade da filha de Fleetwood chegou a ser questionada absurdamente por um jornal na época (o título do disco, Rumores em inglês, foi escolhido em função dessas matérias infundadas).

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Buckingham compôs três canções para o disco (Second Hand News, Never Going Back Again e Go Your Own Way). Christine contribuiu com quatro  (Don´t Stop, Songbird, You Making Loving Fun e Oh Daddy) e Stevie Nicks trouxe três (Dreams, I Don´t Want To Know e Gold Dust Woman).

Cada um deles produziu pelo menos uma canção que podemos classificar como clássica para a história do rock.

Há ainda a emblemática faixa The Chain, assinada pelos cinco integrantes. E, conforme revelou Buckingham em entrevista na televisão, esta foi elaborada com cada um dos músicos apresentando uma parte da canção no estúdio.

Difícil não se identificar com a sonoridade incrivelmente perene desse álbum, que além de ter tido várias faixas tocando nas rádios na época, recebeu o certificado de platina nos EUA e no Reino Unido alguns meses depois de lançado, com vendas de 1 milhão e de 300 mil cópias, respectivamente.

Em março de 1978, o álbum havia vendido 10 milhões de cópias mundialmente, oito milhões delas apenas nos Estados Unidos. Algo impensável nos dias de hoje.

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Foi a partir desse disco que passei a admirar a voz mágica e agridoce de Stevie Nicks. E, mais tarde, percebi a inegável competência de Buckingham no comando da produção do álbum e ao tocar sua guitarra. Tanto que no disco seguinte, Tusk, ele teve carta branca da gravadora para dar o rumo que quisesse para o álbum.

Mick Fleetwood declarou certa vez que Rumors foi o mais importante álbum que a banda fez, porque seu sucesso permitiu ao grupo continuar gravando pelos anos seguintes.

E o legado dessa obra continua nos dias atuais. Prova disso foi o lançamento, em 1998, do álbum tributo com nomes consagrados e outros que começavam a se projetar (Elton John, Goo Goo Dolls, Cranberries e Matchbox 20 estavam no projeto). O grupo irlandês The Corrs lançou a sua versão de Dreams em um single, que se tornou o mais bem sucedido da banda.

Rumors foi – e continua sendo – uma baita referência para músicos de rock. Reflete influências de Beatles, Beach Boys e de música folk em alguns momentos. É um pop rock feito com incrível competência, mesclando várias influências musicais.

Uma autêntica receita de como se produzir um sucesso comercial e ter o respeito unânime da crítica.