Texto porLuiz Gomes Otero

Rolling Blackouts Coastal Fever: indie rock da Austrália

O som que chamamos atualmente de indie rock tem produzido coisas muito interessantes nos últimos anos.

E apesar de concentrar a sua produção nos Estados Unidos e na Inglaterra, alguns grupos conseguem despontar fora desses dois polos e mostrar um material convincente, com consistência para vingar nos próximos anos.

Um desses casos é o do grupo australiano Rolling Blackouts Coastal Fever, fundado em 2013, que que acaba de lançar um EP com seis músicas bem no espírito do chamado “brit pop”, apesar de ter sido concebido em terras australianas, como os conterrâneos do Jet. 

Rolling Blackouts Coastal Fever

A banda tem Fran Keaney (guitarra e vocais), Tom Russo (guitarra e vocais), Joe White (guitarra e vocais), Joe Russo (baixo), Marcel Tussie (bateria) – uma formação meio atípica para o indie rock, com três guitarras se revezando nos solos e nos acompanhamentos rítmicos.

O interessante é que, ao ouvir o som dos caras, somos imediatamente transportados para os anos 80, pois ficam evidentes influências de bandas como Echo and The Bunnymen e Smiths, entre outras – e também para os anos 90, no som mais alternativo desse período.

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O EP chama-se The French Press. As guitarras, como era de se esperar, dão o tom exato da banda, com solos curtos e precisos em ritmos bem construídos.

A fórmula está bem nítida já na faixa que dá título a esse novo trabalho, com um vocal que parece querer trazer Bob Dylan para os dias atuais. Muito bom mesmo.

A faixa Julie´s Place, que também ganhou seu espaço na internet, é outro bom momento desse trabalho. Conta com a guitarra solando bem ao estilo dos anos 80 e um vocal também ambientado nessa mesma época. Soa saudosista, é verdade, mas acaba agradando várias gerações, no final das contas.

As demais faixas mantém o nível dessas duas escolhidas como os singles de divulgação. Gostei de Colors Run e, principalmente, de Dig Up, que tem um toque oitentista bem pronunciado. Ambas são muito bem tocadas pelos australianos.

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The French Press EP comprova que não é preciso produzir uma grande quantidade de canções para se projetar na música. Com a Rolling Blackouts Coastal Fever, bastaram apenas seis faixas para mostrar que o som indie também pode ser produzido com competência longe dos Estados Unidos e da Inglaterra.