Texto porLuiz Gomes Otero

Deep Purple chega ao Infinite

É difícil para um fã como eu ouvir um disco novo do Deep Purple sem fazer comparações com os álbuns clássicos da banda lançados nos anos 70.

Porém, com o mais recente, intitulado Infinite, eles acertaram a mão no resgate da sonoridade mais básica, fugindo dos experimentalismos e arranjos mais rebuscados que pontuaram os trabalhos lançados nos últimos anos.

deep9

Da formação clássica estão Ian Gillan (vocal), Roger Glover (baixo) e Ian Paice (bateria). Completam o time atual Steve Morse (guitarra) e Don Airey (teclados).

Se Gillan já não tem os mesmos agudos da juventude, conta com a experiência acumulada em mais de 40 anos de carreira. Com vocal seguro e forte, ele ainda tem muita lenha para queimar para os próximos anos. O mesmo vale para o restante do grupo.

Time For Bedlam, a faixa que abre o disco, tem um certo clima progressivo, mas só na introdução. É um hard rock setentista ao extremo, onde se sobressaem os teclados de Airey e a guitarra de Morse. As faixas seguintes – Hip Boots e All I Got Is You, segue na linha retrô. Lembram muito a sonoridade da época do Made In Japan, álbum ao vivo do início dos anos 70.

deep4

Get Me Outta Here começa com a classe de Ian Paice nas baquetas, para depois cair em um arranjo bem rock´n roll com o vocal firme de Gillan, que até arrisca alguns agudos mais tímidos que os do passado.

The Surprising é a faixa mais tipo arena rock convencional. E nem por isso deixa de ser ótima com o Purple. On Top Of The World segue também essa linha, mas sem cair no pop. Aqui é hard rock tocado por gente que conhece muito bem o assunto.

Na última faixa, uma surpresa agradável: a releitura de Roadhouse Blues, clássico do The Doors, que com o Deep Purple ganhou um delicioso arranjo tipo jam session, focado no blues com direito a solo de gaita e muitos riffs de guitarra.

deep2

Com Infinite, o Deep Purple me mostrou que é possível produzir nos dias atuais um som convincente com foco no hard rock. Basta uma pitada de sentimento e autenticidade no trabalho que tudo flui de uma forma mágica.