Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Santistas da Ginástica Rítmica e Estética no Panamericano

Quando entrou em um ginásio pela primeira vez, a pequenina Luiza Garcia não imaginava que um dia iria se classificar para um Panamericano de ginástica rítmica e estética.

Aos seis anos de idade, o collant passou a fazer parte de seu guarda-roupa por indicação médica: a perda da avó resultou em sintomas de Síndrome do Pânico e, para o profissional da saúde, a melhor forma de amenizar o problema era a prática de atividades em grupo.

Na mesma época e quatro anos mais velha, Beatriz Munhoz trocava os passos de ballet pela mesma atividade. Sua motivação era mais simples: as aulas pareciam divertidas.

Enquanto isso acontecia, Iara Bezerra ensaiava as primeiras palavras. Nem nos maiores sonhos sua família iria imaginar que a menina se apaixonaria pelo esporte ao assistir a transmissão de uma edição dos jogos olímpicos e, anos depois, seria uma atleta da modalidade.

Ginástica Brasil FC (3)Imagem: meninas do infanto-juvenil 

Brasil FC

O período que divide esses acontecimentos e os dias de hoje é de muito treino, dedicação e lágrimas – de dor e, na maioria das vezes, de alegria. Esses são apenas três dos 21 nomes das santistas da Ginástica Rítmica e Estética no Panamericano.

“Nós crescemos de maneira gradativa. O primeiro objetivo foi fazê-las ginastas, depois conseguir participar de uma competição e em seguida ter um bom resultado. Em 2016, participamos do Campeonato Brasileiro e sem muitas pretensões fomos campeões do infantil e infanto-juvenil e vice-campeões do adulto”, explica Thiago Hermenegildo, técnico do grupo há quatro anos.

A colocação das três categorias fez com que o grupo fosse classificado para o primeiro Panamericano de Ginástica Rítmica e Estética da história.

A notícia foi recebida em dezembro, poucos dias antes do início do recesso de Natal. Desde então, as meninas das três categorias sonham com o dia que vão pisar no tapete para representar o Brasil.

Ginástica Brasil FC (5)Imagem: Meninas do adulto

No entanto, para que o sonho se torne realidade será preciso muito esforço. Além dos treinos – que são diários, das 15 às 18h30 – elas precisam arrecadar o valor necessário para realizar a viagem (provavelmente para Chicago, EUA).

Seja um patrocinador

O valor estimado é de R$ 110 mil.

Como as famílias não têm condições de bancar o custo individual, o grupo chegou a uma solução: criaram uma vaquinha online, no estilo crowdfunding, participam do projeto Ajude um Atleta e trabalham individualmente em vendas.

A ideia é bem simples. O valor que for conquistado em doações e patrocínio de empresas será dividido igualmente entre as 21 garotas. Além disso, cada modalidade se dividiu em pequenos grupos que fazem ações individuais, para conseguir o restante da renda necessária.

A Iarinha e o todo infantil está vendendo empadas em São Vicente e aqui em Santos; as meninas do infanto-juvenil tem um grupo, do qual a Luiza faz parte, comercializando chup-chups; e as adultas se dividem em treino, faculdade, trabalho e o intervalo para vender água, refrigerante e chup-chup.

Ginástica Brasil FC (2)Imagem: Meninas do infantil 

Em meio ao cansaço e de todas as dificuldades do dia-a-dia, nenhuma das meninas pensa em desistir. É unanimidade na sala: todas descobriram o que nasceram para fazer e é por isso que não medem esforços para crescer mais a cada ano.

Em 2017, todos os olhos estão no Panamericano.

“O primeiro dia que fui para aula foi assustador. Eu olhava flexibilidade das meninas e pensava que jamais ia conseguir. Eu estava errada. Consegui, estou no caminho para algo grande, né?”, reflete a Luiza, que deixou o pânico para trás e em seu lugar carrega medalhas, um olhar sonhador e o brilho de quem vai dar muito orgulho a sua avó.

Ajude as meninas nessa batalha!