Texto porLuiz Fernando Almeida

Abaixo a ditadura de moldes sociais. Chega!

Vamos combinar: se não fosse o fato de você, homem, viver numa sociedade que condena o carinho com outro cara, você abraçaria e beijaria, de forma carinhosa, um amigão seu? Eu sim. Alias, faço isso sempre com meus amigos héteros, assim como faço com minhas amigas mulheres. Mas, por mais que isso possa parecer uma bobagem, o assunto virou manchete e até mesmo motivo de protesto (meu Deus…) em SP.

o beijo do emerson sheik

O Bafo: o jogador Sheik, do Corinthians, decidiu postar uma foto sua no instagram dando um selinho num amigo, o dono do restaurante Paris 6, badaladíssimo em SP e agora com nova filial no RJ, comemorando a vitória em cima do time do Coritiba.

E não deu outra: o cara está sendo alvo das mais ferrenhas críticas possíveis, coisa que tem me causado nojo e indignação.

E se o Sheik, por exemplo, for realmente gay? Qual é o problema termos um jogador ótimo, puta atleta do futebol e… homossexual? Que diferença isso faz dentro de campo? Porque os fanáticos de plantão não exigem dele, apenas resultados em campo ao invés de tentarem ditar o que ele deve ou não fazer com sua vida pessoal? O cara chegou a ter a moral levantada pelos seus amigos dentro do vestiário, algo como “isso aê, libera geral”. Mas do lado de fora, acreditem ou não, até faixas de PROTESTO rolaram contra o que Sheik fez. Que vergonha desse país!

Eu odeio futebol com todas as minhas forças, não assisto nunca porque não consigo entender o que leva uma pessoa a gastar o que não tem, pra torcer por uns caras que ganham uma fortuna. Alias, tem coisa mais gay do que um estádio? Cheio de homens, olhando homens e idolatrando homens? Sei de altas historias de putaria em banheiros de estádios de futebol e conheço lideres de torcidas que se dizem machos, são casados, mas adoram uma festinha particular pra dar uma boa ré no kibe.

Nada contra, cada um faz o que quer da vida. Mas pra que ficar condenando alguém por uma manifestação de afeto sem conotação sexual alguma?

Eu estou lançando muitas perguntas num post só justamente procê que vai ler esse post e concorda com a atitude dos patrulheiros da vida alheia: tente refletir um pouco mais a respeito deste assunto que deveria ser apenas uma foto postada.

Ou seja: paremos para pensar! Existe um grupo de homens que se sentiu ofendido de ver o jogador de seu time dando um selinho em outro cara. Nas faixas, podemos ler coisas como “Aqui é lugar de homem”, “Viado não”, entre outras baboseiras.

Até quando seremos obrigados a viver numa sociedade “separatista”? Enquanto isso, os armários e infelicidades só crescem com as pessoas que só precisam ser elas para serem felizes.

As patrulhas estão sempre de prontidão e sempre apontando o “erro” do próximo sem olhar para o próprio rabo, não é mesmo? A mesma coisa rolou com a xoxota peluda da Nanda Costa na Playboy. Que merda é essa? As pessoas querem decidir quem o outro beija, como o outro apara os pentelhos e tudo como se fosse à coisa mais normal do mundo sem respeitar a individualidade do próximo. Argh! Nojo sem fim.

Aqui em Santos mudou um pouco, mas ainda é muito comum ser achincalhado na rua por usar uma roupa diferente, ou mesmo ser diferente. O cara grita em alto em bom som: “Perobo” “Puto ““ Viado”, mas, todos nós sabemos que quando a madrugada chega sorrateira, esses mesmos caras saem madrugada adentro em busca de suas aventuras proibidas com os semelhantes daqueles que eles gostam de humilhar na frente dos amigos.

Abaixo a ditadura de moldes sociais. Chega!

Ah, e também chega de me ver na rua e ficar me chamando de Emerson Sheik porque eu não me acho parecido com ele e não ganho nem um decimo daquele salário. Alias se o Sheik ler esse post e quiser dar uns beijinhos eu to aceitando com um sorriso enorme e feliz da vida. ME LIGA TÁ?