Texto porLuiz Fernando Almeida

Projeto de Lei proíbe família gay em publicidade

A família de margarina, tão criticada por muitos profissionais da publicidade, pode se tornar uma regra da propaganda brasileira. Está em análise na Câmara dos Deputados um projeto de lei (5921/2001) que regulamenta a publicidade infantil e obriga que as marcas utilizem apenas modelos tradicionais de núcleo familiar.

A norma foi incluída pelo deputado federal Salvador Zimbaldi (PDT/SP) em um texto substitutivo ao projeto original, apresentado há 12 anos, pelo então deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR), hoje licenciado.

propaganda da JC Penney com casal de lésbicas

De acordo com o parágrafo 4º do artigo 6º do projeto, “a família é à base da sociedade e, quando exibida na propaganda comercial, institucional ou governamental, deverá observar a unidade familiar prevista no artigo 226, §3º da Constituição Federal”.

Isso significa que só poderão aparecer em propagandas famílias formadas por homem e mulher. Estariam excluídas, portanto, famílias de pais solteiros, que criam seus filhos sozinhos, ou de homossexuais, formadas por dois homens ou duas mulheres.

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) se manifestou, via Twitter, na tarde desta terça-feira, 9, contrário ao projeto. Para ele, o projeto quer transformar aqueles que não têm “família de margarina” em sujeitos “sem família alguma”.

Será que esta é a forma de tornar as pessoas mais tolerantes com o próximo e menos preconceituoso? Ou será que é apenas uma forma de reforçar os preconceitos e a intolerância contra crianças sem o nome do pai ou da mãe no documento? Ou criar uma consequência futura para crianças registradas com o nome de dois pais ou de duas mães, amparada em lei?, perguntou Wyllys, na rede social.

Segundo o projeto – que deve entrar em tramitação na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI), de acordo com a Câmara dos Deputados – podem ser penalizados caso não cumpram a lei tanto o anunciante, quanto as agências de publicidade e os veículos de comunicação. A punição prevê advertência, multa de R$ 5 mil a R$ 100 mil e imposição de contrapropaganda.

Mas espera aí, vamos às estatísticas, porque esse povo adora números:

Uma recente pesquisa, feita pela Market Analysis, indicou que um a cada dois brasileiros considera importante que as empresas adotem postura afirmativa em relação à homossexualidade. São os novos tempos minha gente! Não adiante por uma bandeirinha na porta e não mudar o posicionamento.

Segundo o levantamento, no entanto, apenas um entre 10 entrevistados afirmaram conhecer marcas que realmente tenho atitudes positivas em relação a nós gays

Pra você ter uma ideia, entre as empresas mais citadas aparecem, principalmente, as de cosméticos e moda, como C&A, Riachuelo e Johnson & Johnson, de comunicação além de empresas de outros segmentos importantes como salões de beleza, Call Centers e Hospitais.

A estimativa da Market Analysis é de que estes clientes respondam por uma fatia de 15% do mercado de consumo e a maioria pertença às classes A e B. “Ainda é um nicho, mas o poder de compra desses 15% é bem superior ao de outros 15% quaisquer da população”, explica Fabián Echegary, Diretor da Market Analysis, em uma entrevista.

Os caras não querem que as marcas se posicionem para o publico gay. Alegam que as crianças não podem ver esse tipo de propaganda porque foge do “modelo tradicional” e do que consta na Constituição. Essa nossa Constituição esta que nem a Bíblia Sagrada, foi escrita há tempos e muita coisa ali, já não se enquadra com a realidade.

Recentemente, marcas como Natura, Honda, Hyundai, entre outras, fizeram campanhas com foco no publico gay provando que cada vez mais é importante criar uma aproximação com este publico que também tem o direito de sentir-se representado em campanhas publicitárias.

Não seria mais interessante tratar o assunto com normalidade para que as crianças entendessem tudo logo cedo?

O preconceito não seria menor?

As marcas brasileiras não irão se posicionar contra esse absurdo?

Pô, se a comunidade LGBT corresponde a 15% do mercado de consumo e a maioria pertence às classes A e B, não seria bacana se indispor com esse publico não e verdade? Imagina as bees boicotando tudo?

Antigamente, não víamos negros usando produtos de higiene nas campanhas. Os mais velhos, devem lembrar. Mas eles estão ai, com cotas e representados em todas as campanhas porque lutaram pra isso, afinal de contas, sempre consumiram esses produtos. E por que nos não temos esse direito? Para um pouco pra pensar no tamanho da merda que esse “inocente projeto” que se baseia na Constituição pode fazer.

Essa perseguição aos gays nesse país vai durar ate quando? Temos que nos manter atentos porque projetos como este, que não chegam ao conhecimento do grande publico, ajudam a manter-nos a margem da sociedade. E isso não pode continuar acontecendo num momento de grande visibilidade da comunidade e de lutas importantes. Pensem um pouco a respeito…