Texto porLuiz Fernando Almeida

A vida gay antes e depois da internet

Todo mundo ou quase todo mundo já sabe que a Internet tem revolucionado a maneira da sociedade se relacionar. A Internet tem influenciado o mercado de uma maneira definitiva, transformando conceitos de comunicação, negócios e entretenimento.

Mas e do ponto de vista da vida gay? Qual o impacto da Internet entre nós?

Pude acompanhar o mundo antes e depois da Internet,  Por causa dos meus trabalhos, tenho que  ficar atento aos movimentos que a internet tem proporcionado às pessoas.

gays na internet

Antes dela, ter contato com o universo gay era algo restrito. Ou você ia para a rua , nas baladas e bares LGBT ou você ficava chupando o dedo e comprava uma revista pornô gay e escondida a sete-chaves. Essa era a realidade para se ter acesso ao lifestyle gay. A revista era a prova definitiva da homossexualidade que hoje pode ser evitada limpando o cache do navegador.

Quando funcionava por meio do modem, portais como UOL e IG disponibilizaram para os usuários as famosas salas de bate-papo. Chats gays viravam uma moda obsessiva e os apelidos escolhidos eram e ainda são, os mais variados e popularescos: “Gay Ativo 25a”, “Dá o cu no centro já”, “Curioso Bi 18a”, “Gato 30a”, “Loiro safado quer dar”, “Oriental 35a”, “Negro bem dotado”, “Kzadopassivo” , “CasadoBi” , “MachoxMacho” e assim até ho ainda fluem as fantasias dos usuários.

Das salas de bate-papo gays, as pessoas que percebiam algum tipo de afinidade trocavam ICQ ou MSN e pulavam para uma conversa mais íntima, descrições mais detalhadas de gostos e físico e a princípio trocas de fotos. Colecionávamos uma lista infindável de pessoas no MSN criado exclusivamente para isso. Tem gente que hoje, utiliza o skype e que ainda se mantem firme e forte as salas de bate papo.

Os usuarios trocavam fotos até o momento que a Internet ficou mais rápida e pipocou por todos os lados a moda da webcam. Webcam ficou barata e acessível e, assim, o sexo virtual virava mania , o tal  voyerismo.  Se despir pela câmera, realizar  fetiches e fantasias virtuais. E essa moda que se estabeleceu foi recente, apenas 7 anos atrás. Além disso, vários sites e blogs pornôs começaram a aparecer. Hoje em dia você dá um google e acha um cardápio bafônico.

Sites de relacionamentos gringos chegaram no Brasil e permanecem,  como o Manhunt (EUA) e Gaydar (UK); em seguida, criaram também o nacional Disponivel. Todos são projetos vencedores, que se consolidaram e ganham diariamente milhares de usuários, dos “camarões sem cabeça”, gordos, peludos, teens, bissexuais, transgêneros, transexuais e assim vai: perfil com foto, descrição e uma troca frenética de mensagens com teor mais sexual predominante e, as vezes, para algo mais sério ou para a amizade.

Agora, com o acesso a web cada vez mais possível,  os smartphones ganham também aplicativos exclusivos para encontros gays, como o Grindr, sucesso de download para celulares e que tem o diferencial de localizar os usuários por proximidade física! Ter um encontro a qualquer momento ficou facínho. Ja falamos disso aqui.

A internet tem colaborado muito com a comunidade LGBT.

Se não fosse ela, a identificação do gay com seu meio , a propagação de informações sobre sexualidade, a quantificação de gays por meio de acesso a sites e aplicativos , nao seriamos um público amplo e real, não estaríamos visíveis e conscientes, e a sensação de solidão e exclusão seria muito mais evidente.

Quem ja passou dos 35 sabe muito bem o que eu digo…

A internet  nos possibilitou  o reconhecimento de uma realidade que  ficava muito mais contida e potencializada dentro da gente. Era angustiante, escondido e limitado. Se bem que, mesmo com todas essas facilidades, tem gente angustiada e se escondendo cada vez mais.

Vivi o antes, vivi o depois e posso dizer que  melhorou bastante. Essa geraçao que já nasceu trocando mensagens no Zap Zap deve sentir-se privilegiada.

A referência do antes não é uma das melhores. Mas também fica o alerta pra que utilizemos essas ferramentas de forma consciente sem ultrapassar nossos limites.

E voce? Acha que a internet favorece a comunidade gay?