Um amor rubro-verde e o acesso da Portuguesa Santista

Quando a Portuguesa Santista subiu para a Série A2 do Campeonato Paulista, no empate por 1 a 1 com o Barretos, no estádio Ulrico Mursa, o presidente Emerson Coelho encontrou a alegria e a tristeza de um mesmo torcedor.

– Tô feliz, mas não deveria ter subido…

– Mas por quê?

– É que aí começam aquelas frescuras…

É o ônus da elevação de patamar. Começa uma série de pedidos por parte da Federação Paulista de Futebol.

No estádio, por exemplo, vai ter que caber mais gente – 8 mil, para ser mais exato. É o tal ódio do torcedor que come amendoim e tremoços ao futebol moderno e profere seu amor ao futebol raiz. Mas não tem jeito.

Quase que a Briosa ainda foi campeã da Série A3 na final diante do Atibaia, lá em Bragança Paulista. Seria coroar o acesso com um título, como aconteceu em 2016, quando ergueu a taça diante do Desportivo Brasil. Como agora, a decisão era apenas uma formalidade. Os dois times já tinham subido.

A campanha da Portuguesa Santista em 2018, por si mesma, já dizia muita coisa. Foi líder da primeira fase e, por essa razão, carregou vantagens nas quartas de final e na semifinal. O fato é que a equipe rubro-verde conquistou a cidade. E, nesse pacotão, encontram-se os torcedores dos outros times.

Quer você torça para Santos, Corinthians, Palmeiras, São Paulo ou Flamengo, não há quem possa ficar contra ou indiferente ao que foi conquistado pela Briosa.

Torcida fanática e intensa

Ver o estádio lotado em uma sexta-feira à noite, diante do Barretos, no jogo que garantiu o acesso, é algo que mexe com o sentimento de quem gosta de futebol. E não pensem vocês que o apoio veio apenas de quem admira outros times. A torcida da Portuguesa é fanática e intensa. Ainda mais nestes momentos.

Por mais que o torcedor da história do início deste texto tenha ficado preocupado por subir de divisão, o fato é que a Briosa merece chegar na elite paulista. E com um passo de cada vez, como tem insistido o presidente Emerson Coelho, o que é muito natural em um clube, como tantos no Estado e no País, com salários mais baixos, porém pagos em dia, e dedicação acima de tudo.

Conversava recentemente com o amigo e companheiro de trabalho Paulo Rogério. Ele é editor do Jornal Motor, publicado às quartas-feiras em A Tribuna, e escreveu, junto com Alvaro Silveira, o livro 100 Anos – Sou Mais Briosa, lançado no ano passado. Foi um dos que acompanharam passo a passo – e in loco – a campanha vitoriosa da Portuguesa Santista.

No papo, lembrávamos que a Briosa nunca deve ser considerada uma rival do Santos, por exemplo, como alguns torcedores mais fanáticos insistem em colocar, ainda que frequentem a primeira diivisão, como já aconteceu por alguns anos.

Ter as duas equipes vivendo bons momentos em campo se revela bom demais para uma Cidade que respira futebol, como observou recentemente um recém-chegado, Jair Ventura, técnico do Alvinegro. Seja ele moderno ou raiz.

*Ted Sartori é jornalista desde 2000. Atualmente, trabalha no jornal A Tribuna, de Santos. Escreveu o livro “‘100 anos da Vila Belmiro”, junto com Almir Rizzato. Também tem o blog Arquivos1000 e um canal do YouTube com o mesmo nome, assim como o Só Esportes. Os dois apresentam um registro incrível da TV brasileira e também das transmissões esportivas.