Tite fica: os próximos passos do Brasil rumo ao Catar 2022

Em um país que tem a demissão de técnicos como um esporte disputado em paralelo ao futebol, a renovação de Tite no comando do Brasil até a Copa do Catar, em 2022, soa como música aos ouvidos.

Com ele, também fica Edu Gaspar, no cargo de coordenador de seleções.

E Tite fica mesmo – um feito inédito desde 1978/Foto: Lucas Figueiredo para CBF

Tite fica

Há quatro décadas que um treinador derrotado no Mundial não seguia à frente da amarelinha.

A última vez foi após a Copa de 1978, na Argentina, com Cláudio Coutinho. É bom lembrar que ele acabou mandado embora no ano seguinte, após a eliminação brasileira na Copa América.

Não acredito que isso se repetirá com Tite, por mais que a CBF não seja uma entidade que preze pelas palavras e atitudes. Disputa da Copa América até existirá no próximo ano como coincidência – e no Brasil, o que aumenta a responsabilidade e, teoricamente, a chance de ganhar. Na época de Coutinho, só explicando, não havia sede. Eram jogos de ida e volta.

O que me preocupa e, ao mesmo tempo, pode ser uma boa, é que Tite não terá tanta unanimidade quanto no período anterior à Copa do Mundo, algo que foi se diluindo durante a competição. As convocações, por exemplo, certamente devem ser mais contestadas, enquanto presenças em propagandas, mais dosadas.

Por outro lado, o ideal da permanência de Tite é que uma base já está formada, com análises do treinador sobre quem deve continuar aparecendo nas listas ou não.

Treinador e político

Como todos sabem, quando ocorre mudança de treinador, é como se todo o trabalho fosse jogado no lixo e obrigatoriamente é erigido outro, ao melhor estilo do político que sucede outro.

Fica a curiosidade para saber como será o tratamento de Tite destinado à imprensa nas entrevistas coletivas, embora acredite que seja o mesmo. Afinal, ele é político (não no sentido que mencionei acima), polido e está por cima da carne seca, apesar de tudo ser novo nos quatro anos que virão.

Menos ele, claro.

*Ted Sartori é jornalista desde 2000 e trabalhou no jornal A Tribuna, de Santos. Escreveu o livro “‘100 anos da Vila Belmiro”, junto com Almir Rizzato. Também tem o blog Arquivos1000 e um canal do YouTube com o mesmo nome, assim como o Só Esportes. Os dois apresentam um registro incrível da TV brasileira e também das transmissões esportivas.