Texto porSuzane G. Frutuoso

Por que as amigas são tão importantes na nossa vida

Há quem deteste. Eu, adoro. Aqueles áudios longos de WhatsApp que ajudam a matar a saudade dos amigos que estão longe.

Só defendo usar com parcimônia em questões de trabalho.

Na amizade, ainda mais quando tem distância, aproxima e acolhe. Como eu me senti acolhida por uns 30 áudios na manhã do último domingo.

Lá estavam elas, as Sofias, meu grupo de amigas de Praia Grande, com quem criei as Empreendedoras de Sofia. Teria encontro nosso naquele domingo, mas dessa vez eu não conseguiria acompanhar pessoalmente. Tudo bem. A roda de conversa teve início ali mesmo, virtual, no começo da noite de sábado.

Sempre com muito apoio, amizade, afeto, força, corações escancarados, inclusive para dividir as dores, sejam de saúde física ou da alma. Mas com uma linha mestra que une essas mulheres incríveis: a sororidade.

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É lindo de ver e sentir que mesmo longe elas estão perto e que somos essenciais umas para as outras. Que em nossas trocas e histórias renovamos nossas energias sugadas por determinadas situações.

É lindo de ver como cresceu demais nos últimos tempos redes de mulheres que levantam e empoderam outras mulheres, que cuidam umas das outras.

Nem sombra daquela história de rivalidade feminina tão culturalmente e emocionalmente talhada nas mentes de gerações inteiras. E quase sempre uma tola rivalidade por padrões de beleza, performance ou para – afe, Maria – chamar a atenção de um homem.

E é tão importante abrir espaço na agenda para esses encontros entre amigas. Faz a gente até viver mais!

Juntas somos mais fortes

Apesar de muitas de nós já terem compreendido a hashtag #juntasomosmaisfortes, outras tantas ainda acreditam que precisam ganhar, custe o que custar (até mesmo amizades), as atenções, os holofotes.

Precisam competir o tempo todo, sem descanso e cansando ao redor. Acreditando que seu valor feminino está atrelado a famosa Síndrome da Abelha Rainha – cheguei no “topo”, quero reinar absoluta para garantir que sou boa mesmo, não podem existir comparações, ninguém pode ter mais destaque que eu, ninguém pode descobrir que sou cheia de inseguranças, não posso permitir que estejam um passo a minha frente, e não, não, não.

O que a abelhinha ainda não entendeu é que esse é o caminho mais curto para se isolar, e não brilhar. Que isso não é ter valor, mas continuar sendo aquela menina assustada que passou a vida ouvindo que para ser realmente especial precisava ser perfeita, escolhida, amada. Acho que vale aqui um parênteses: quem quer ser idolatrada não pode ter opinião.

Como disse um amigo essa semana, no entanto, só é verdadeiramente interessante quem é autêntico, não quem faz tudo para agradar (e em geral agradar as pessoas erradas).

Amiga é pra essas coisas

Uma pesquisa da Universidade de Bristol, na Inglaterra, indicou que a autoestima das meninas cai até três vezes em relação a dos meninos, da infância até o Ensino Médio, devido a todas as cobranças as quais elas são submetidas.

Na maioria das vezes, para não falhar, para agradar o tempo todo, para sempre se preocupar com o que os outros vão pensar.

O resultado é a rivalidade entre mulheres, que nada mais são do que as meninas assustadas por um mundo de cobranças do passado. E que não conseguem ainda enxergar que o vencer sempre pode ser um grande fracasso no se relacionar de maneira saudável.

Ao mesmo tempo, especialistas de diferentes áreas, como psicologia e geriatria, apontam que na velhice é extremamente comum que mulheres cuidem de outras mulheres. Portanto, muitas amigas acabam cuidando umas das outras, mesmo as que continuam casadas ou têm filhos, já que a prole vai cuidar da própria vida (como deve ser), muitas vezes longe do lugar de origem.

Então, vale demais cultivar essa tal maravilhosa sororidade, buscar entendimento de que rivalizar só esvazia a força dos relacionamentos e que, finalmente, ainda está em tempo de abraçar a menina assustada que você foi. Para ela crescer, ser a mulher especial que nasceu para ser e cheia de amigas.

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Suzane é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia, professora e escritora. É autora do livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da vira-latinha Charlotte.