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Acessibilidade em eventos culturais em Santos significa uma cidade melhor para todos

Após a festa de aniversário de 478 anos de Santos, uma polêmica permeou os debates sobre a festa. Um post em redes sociais, publicado por uma médica, dizia que a tradutora de libras que estava adaptando o show do Jota Quest no telão deveria ser retirada, pois atrapalhava a visão das demais pessoas. Vale lembrar: este foi um concerto aberto ao público e gratuito na praia do Gonzaga.

O post foi apagado, após uma enxurrada de comentários apontando a incongruência dessa fala cheia de capacitismo:

“(…) retirem essa mulher traduzindo a linguagem de surdo mudo (sic) na nossa cara! Pelo amor de Deus, está ferrando o show. Não há surdos e mudos suficientes (sic) na cidade para ela aparecer em todos os telões. Sem noção, sem necessidade e ela atrapalha sim, pois ocupa 1/3 do telão”. 

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Compartilhado por Claudia Alonso, uma pessoa que sempre lutou pela inclusão em Santos em suas mais diferentes formas, chegou até a gente e aqui demos nossa opinião sobre a questão:

 

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Não é apenas justiça social

Sim, é discurso de ódio

É simplesmente inaceitável que, em 2024, a gente precise explicar que acessibilidade em eventos culturais faz parte de ter uma cidade para todos. Uma cidade diversa, dinâmica e inovadora. A cidade que inclui é a Santos com a qual sonhamos.

Esse debate veio à tona na mesma semana em que um dos equipamentos mais importantes para a cultura em Santos anunciou que agora é acessível para todos. A entrega da reforma de acessibilidade da Pinacoteca Benedicto Calixto, inclusive, fez parte das celebrações do aniversário da cidade também. Com as melhorias, um dos prédios históricos referência da orla, está preparado para receber cadeirantes, pessoas com deficiência visual e idosos com conforto e segurança.

Outro ponto importante: essa é a opinião CAPACITISTA de uma pessoa da elite econômica e social de Santos. E que trabalha na área da saúde, estudou para isso e deveria colaborar com a garantia de bem-estar da população do seu território.

Mas vamos a uma conta rápida. Segundo o post original, “não há surdos e mudos suficientes na cidade para a intérprete aparecer em todos os telões”.

No Brasil, cerca de 5% da população é surda. São 10 milhões de pessoas! E, se considerarmos quem não ouve NADA, estamos falando de 2.7 milhões de pessoas. Se a gente fizer a conta proporcional aqui pra Santos, chegamos em uma conta de mais de 20 mil pessoas. E, se considerarmos que esse show não é só “para Santos” e pode receber pessoas de várias cidades, a coisa muda de figura.

Esses são os dados de pessoas com deficiência em Santos:

Acessibilidade em eventos culturais em Santos significa uma cidade melhor para todosDados: hotsite Santos Acessível

Havia 100 mil pessoas nesse show. Não faz o menor sentido excluir pessoas com deficiência, qualquer que seja, dessa comemoração. Então, estamos falando de um público potencial de 5.000 pessoas.

Oferecer acessibilidade em eventos é lei no Brasil

Para quem não possui nenhuma deficiência, ir ao cinema, teatro, shows e outros eventos culturais são momentos de lazer. Mas as PCDs continuam excluídas do acesso à cultura e ao entretenimento em alguns locais, sejam eles públicos ou privados.

A igualdade de condições para todos é um direito garantido por lei. Ela se chama Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), de 2015. De acordo com a Medida Provisória 1025/20, que vigora desde janeiro de 2023, espaços culturais devem oferecer condições adequadas de acessibilidade a todos os cidadãos. Isso quer dizer que cinemas, teatros, museus e espaços culturais precisam ter recursos de acessibilidade para pessoas com deficiências visuais e auditivas.

Então, no caso do show do Jota Quest, a Prefeitura de Santos está obedecendo a uma lei federal.

O que é um evento acessível?

Existem diferentes tipos de acessibilidade. Por isso, vamos listar aqui quais são elas para você ficar de olho nos próximos eventos – e cobrar dos responsáveis pelo entretenimento e atividades de cultura e esportes da sua cidade.

Essas são as principais barreiras que prejudicam as pessoas com deficiências em eventos.

  • Barreiras arquitetônicas: a falta de rampas, elevadores de acesso, pisos táteis, assentos com boa visibilidade para pessoas com deficiência e outros recursos pode impedir o acesso das pessoas com deficiência física a locais como teatros e cinemas;
  • Barreiras comunicacionais: a falta de recursos como audiodescrição, LIBRAS e legendas pode impedir o acesso das pessoas com deficiência auditiva e visual a filmes, peças de teatro e outras atividades culturais;
  • Barreiras atitudinais: o preconceito e a falta de compreensão por parte dos profissionais que trabalham nos espaços culturais podem dificultar ou impedir o acesso das pessoas com deficiência;
  • Barreiras digitais: a falta de acessibilidade digital nos websites dos eventos e plataformas de ingressos digitais, impede que o público com deficiência se informe sobre um evento cultural, compre seu ingresso ou até mesmo se engaje nas redes sociais.

A cidade de Santos tem avançado nessa questão com o programa Santos Acessível. Ele busca promover acessibilidade em diversas frentes: na gestão, no esporte, na educação, na cultura e no urbanismo.

Portanto, a questão da acessibilidade em espaços culturais não afeta apenas as pessoas com deficiência, mas toda uma cidade e sua gente. Aqui no Juicy Santos, acreditamos no desenvolvimento socioeconômico em que a diversidade cultural, de corpos e de gênero são fatores fundamentais para construir um lugar mais justo e igualitário pra gente viver.

E você, também acredita?

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