Coletivo 302 relembra 40 anos do incêndio da Vila Socó em peça
Fevereiro de 2024 marcou uma data difícil para os moradores da Baixada Santista: os 40 anos do incêndio da Vila Socó, em Cubatão.
A maior tragédia industrial do Brasil, agora, vai virar projeto cultural e de memória para não esquecermos jamais desse dia.
O Coletivo 302, grupo cubatense vencedor do Prêmio Shell de Teatro, está preparando um espetáculo sobre sobre os 40 anos do acontecimento.
Preparativos
A produção se encontra em fase de pesquisa e estudos. Esse será o encerramento da “trilogia industrial” iniciada em 2018 com a peça “Vila Parisi” e que prosseguiu em 2021 com o projeto “Vila Fabril”.
Para “Vila Socó”, serão 10 meses de trabalho. Como resultado, terá uma temporada inédita com dez apresentações gratuitas a serem realizadas na Vila São José. Durante todo o processo, utiliza-se o conceito teatral site-specific, em que o coletivo pega a própria região como ponto de partida para a criação dramatúrgica, cenográfica e de outros elementos da obra.
Entrevistas com antigos moradores do local e pessoas que viveram esse pesadelo também contarão suas histórias ao grupo. Interessados em colaborar com esse trabalho de pesquisa, ou que tenham histórias da Vila Socó para compartilhar, podem entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp (13) 99154-6860.
Em breve, acontece o 6º Ciclo de Estudos 302, com o tema “Processos criativos em zonas de exclusão”, em que a companhia receberá outros grupos teatrais para partilharem suas trajetórias e apresentarem suas práticas de criação. Na lista, tem O Coletivo (Baixada Santista), Cia. As Marias (ABC Paulista), Grupo Forfé de Teatro (Piracicaba/SP) e Coletivo Estopô Balaio (Zona Leste de São Paulo/SP).
A história dos 40 anos do incêndio da Vila Socó
A região operária de Cubatão (hoje Vila São José) sofreu destruição por um incêndio na madrugada de 24 para 25 de fevereiro de 1984, após o vazamento de aproximadamente 700 mil litros de gasolina de dutos subterrâneos que ficavam sob o terreno. Dezenas de pessoas e animais morreram no desastre.
Desde então, essa figura como a principal tragédia industrial do Brasil e um dos maiores incêndios que já ocorreram no Brasil.
Coletivo 302
O Coletivo 302 é um grupo de pesquisa reconhecido como Ponto de Memória pelo IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus.
Desde outubro de 2014, desenvolve ações culturais gratuitas em espaços públicos, como espetáculos teatrais, intervenções urbanas em artes visuais, produções audiovisuais, ações ambientais e educativas.
Sua pesquisa destaca a valorização da memória, identidade, pertencimento e ancestralidade do seu território de atuação e a busca pela ressignificação de seu imaginário.