De Santos para o Rock in Rio: a história de Fernanda Venturini
Ela começou a se envolver com produção de arte e cultura com apenas 13 anos em festivais e espetáculos teatrais. E, hoje, está no staff de produção artística de nada menos do que um dos maiores eventos ao vivo do mundo, o Rock in Rio 2024. Em seu segundo ano no backstage do festival de música, Fernanda Venturini é cria da Baixada Santista e um orgulho muito grande pra todo mundo que trabalha na economia criativa na região.
Em entrevista para o Juicy Santos, ela conta que, ainda adolescente e aluna de teatro, já organizava saraus e festas de rua, além de estar nos bastidores de festivais de cinema da região. Fernanda talvez nem soubesse, mas já tinha o DNA de produtora correndo nas veias.
Com 18 anos, decidiu ampliar seus horizontes e começou a curtir as baladas underground de São Paulo, como a Batekoo e a Mamba Negra. Foi lá que ela teve o clique: “Mano, eu sei fazer isso! Vou levar isso pra Santos”. E foi assim que ela se tocou e assumiu o papel de produtora.
“Comecei a pedir emprego pras pessoas nas festas e me colocavam de hostess. Só que eu sempre trabalhava no meu turno como hostess e, no tempo que sobrava, eu ia ajudar as pessoas da produção. Portanto, eu já produzia sem saber quem estava produzindo. Foi muito natural, sabe?”, lembra.
Fernanda conta que está realizando um sonho ao trabalhar no Rock in Rio. No começo, ela diz, parecia impossível até ir como público, quanto mais trabalhar no evento. Depois de tentar muito em 2022 (tipo, muito mesmo!), ela mirou no The Town, evento irmão do Rock in Rio em São Paulo. Com uma cara de pau digna de aplausos, mandou mensagem direto para uma pessoa da produção no LinkedIn.
E adivinha? Deu certo! Fernanda fez entrevista, passou no processo seletivo e acabou sendo chamada para o Lollapalooza. Mas a sua agenda estava lotada – inclusive, produzindo a série Nova Cena para a Netflix. Aí, veio o convite dos sonhos: fazer parte da equipe do Rock in Rio.
Trabalhar no Rock in Rio: como é?
Fernanda explicou para a gente que cada palco do Rock in Rio tem uma equipe de produção. E, aí, todas elas são apoiadas pela produção artística geral. E é justamente essa a área da Fernanda.
Tudo o que não é referente à música está no escopo desse time. Sim, arrumar e levar as tais 386 toalhas brancas que a banda pediu. Mas, brincadeiras à parte, eles cuidam de alimentação, bebidas, verificação de documentos, colaborar na realização das coletivas de imprensa junto às assessorias de imprensa e marketing, gravação de conteúdo para exibir nos telões e muitas outras atribuições. É difícil até de imaginar o tamanho desse trampo que une as frentes de todos os palcos do Rock in Rio.
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O trabalho favorito da carreira de Fernanda?
É sempre o último que ela fez.
“Sempre me fazem essa pergunta, principalmente em um processo seletivo, e eu nunca sei responder, porque eu cheguei em lugares em que jamais imaginei chegar, sabe? E só de pensar sobre isso me emociono. Quando eu entrei na Batekoo, achei que esse era o maior trabalho da minha vida. Aí depois veio o Tudum (o festival da Netflix) e eu pensei ‘ah, esse é o melhor’. Veio The Town, veio Rock in Rio, veio Netflix. Graças a Exu, eu estou nessa crescente. Mas, se for pra citar, trabalhar com a Rock World é muito foda. Eu direto penso: será que é real isso?”.
Um outro job incrível do currículo dela viralizou bastante. Lembra da ação da série Bridgerton para a Netflix no Copacabana Palace, que juntou o elenco da série vitoriana com a cultura funk carioca? Então, tem um pouquinho do trampo da Fefe ali também!
Fernanda não fica só em eventos musicais. Ela também já entregou inúmeros encontros corporativos para grandes marcas.
E não dá pra deixar de mencionar: Fernanda é mãe e diz que não dá pra esquecer de “produzir a própria vida”. Claro que ela precisa abrir mão de muitas coisas quando o trabalho a faz ficar às vezes por semanas fora de casa. Mas ela tem a consciência de que tudo isso está alinhado com seus valores e o exemplo que quer transmitir para a filha.
“Eu sinto que ainda é uma profissão muito invisibilizada. Quando as pessoas olham a Beyoncé no palco, elas não imaginam que tem um milhão de produtores atrás pra conseguir fazer acontecer. Então, eu acho que o segredo é esse: pode ser Katy Perry, pode ser Bruno Mars, se você não tem uma equipe de produção alinhada e foda atrás, não vai entregar, não vai ser marcante do jeito que o público espera.
E como faz pra trabalhar com produção? Aqui tem 3 dicas da Fernanda Venturini
- Ansiedade na prática: “eu brinco que você ser produtora é você ser uma pessoa tão ansiosa a ponto de antecipar todos os problemas”. Então, olhe para a estrutura das coisas e entenda quais questões podem surgir e como resolve-las.
- Valorize seu trabalho: sem produtores, não tem grandes artistas e nem grandes entregas. Para cada experiência de entretenimento que você vivencia, existe toda uma equipe ralando muito por trás.
- Vá atrás de aprendizado: embora não seja uma profissão com uma graduação formal, é uma área que precisa também de um conhecimento estruturado e referências. Crie repertório, porque isso vale muito no mercado.
Ou seja, sem produção nada rola. Nenhum dos seus eventos favoritos – desde um show em Santos até uma festa para artistas gringos no hotel mais chique do Rio de Janeiro -, não aconteceria sem o corre de minas como ela.
Quer ver um pouquinho dos bastidores do trabalho dessa mina foda de Santos? Siga a Fernanda no Instagram.