Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Feira de troca de gibis na Gibiteca de Santos

Comecei a ler antes das outras crianças da minha sala. O fato não significa que eu era mais avançada que o restante da turma: minha melhor amiga estava uma série acima e nós brincávamos de escolinha quase todos os dias. Simples assim!

Assim que juntei as primeiras sílabas em uma palavra, minha tia me levou a uma livraria e pediu que escolhesse um livro. Levei um de capa dura e colorida, contava a história do Bambi.

Logo em seguida, um tio foi comigo até uma banca de jornal e me presenteou com um gibi da Turma da Mônica. A partir desse dia, passei a acompanhar meu pai até a padaria sempre que possível, pois o acervo que se tornaria minha coleção era vendido na mesma calçada.

feira de troca

Sempre tive incentivos para ler. Mas, a cada livro/gibi que ia para prateleira, ouvia meu pai dizer: “Na minha época, eu ganhei um gibi e só. Quando terminava de ler, ia até o sebo e trocava por outro”.

Feira de troca

Muitas vezes, eu passava à tarde na Gibiteca de Santos na companhia dele – eu, lendo as histórias da Mônica, e ele, revezando entre o jornal do dia e quadrinhos de super-heróis. Acredito que ele ficaria feliz se, naquela época, o equipamento já organizasse a feira de troca de gibis.

Você não leu errado: dá pra trocar o gibi lido por outra história, lá na Gibiteca!

feira de troca

O projeto acontece diariamente – de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas, e aos sábados e domingos, das 9 às 13 horas.

A logística não poderia ser mais simples: os gibis disponíveis para a troca ficam em caixas sinalizadas. Quem quer trocar leva o exemplar que será doado e escolhe o que leva para casa. Tem opções infantis e adultas também!

A Dani Marino, da Gibiteca, nos explicou que os quadrinhos que vão para a troca, normalmente, são repetidos.

“Vivemos, basicamente, de doações. Então, muitas vezes, recebemos exemplares que já estão no acervo, então eles vão para a feira de troca ou para o Baú da Gibiteca, que leva revistas em quadrinhos para comunidades do Morro São Bento, Caruara e Zona Noroeste”.

Gibis raros

Além dessa iniciativa, outra coisa bem legal no Posto 5 são os gibis raros. Um armário, na parte de trás do equipamento, guarda um acervo de décadas atrás. Sério mesmo, tem de Tio Patinhas cobrada em cruzeiros (quem lembra?) até Flash Gordon.

Os visitantes também podem lê-los – nesse caso, basta solicitar no balcão. Esse cuidado é para que as obras não sejam danificadas ou furtadas.

gibi raro

Conheça a Gibiteca

Em 24 anos de existência, a Gibiteca Municipal Marcel Rodrigues Paes conquistou um acervo com mais de 30 mil exemplares.

O número não é exato por conta da falta de um software que possa catalogar os gibis. O mesmo motivo acarreta no fato de a leitura precisar ser local, ou seja, os frequentadores não podem pegar as revistinhas emprestadas e levar pra casa.

Durante todo o dia, o equipamento recebe visitas das mais variadas idades, mas há anos é fácil observar: os mais novos leem gibis, adolescentes procuram por mangás ou super-herois e os idosos, pelo jornal do dia.

Além do acervo, recomendamos ficar de olho na nossa agenda porque sempre rola uma programação cultural riquíssima por lá.

Em janeiro de 2016, a Gibiteca de Santos ganhou um prêmio pela contribuição ao quadrinho nacional!

Quer visitar? O equipamento funciona de segunda a sexta-feira das 9 às 19 horas; e aos sábados e domingos, das 9 às 13 horas. Fica no Posto 5, orla do Boqueirão, em frente à Av. Conselheiro Nébias.