Texto porNathalia Ilovatte

Sugestões para quem protestou contra a Pelemania da Arezzo

Você fez parte do movimento cyberativista que fez com que a Arezzo retirasse das lojas a coleção Pelemania, confeccionada com couro de raposa, coelho, crocodilo, píton e uma vasta e exótica fauna? Muito bem, pequeno gafanhoto! Então aqui vão algumas sugestões para dar continuidade a esse engajamento:

Restaurantes vegetarianos em Santos
A cidade tem excelentes opções de restaurantes cujos pratos são cruelty free. Nada de porquinho, vaquinha ou franguinho mortos para satisfazerem seu paladar. No lugar deles, muita proteína de origem vegetal.

Empresas que não testam em animais

Muitos produtos de beleza são aplicados nos olhos de macacos, ratos e coelhos criados em gaiolinhas. Não é legal. Então consuma produtos de marcas que não testam em animais e comece hoje a boicotar a Johnson & Johnson, o absorvente Always, Band-Aid, linha Clean & Clear, Colgate, Palmolive, L’Oreal, Dove, Gilette, Glade, Lancôme, KY, Listerine, Maybelline, Neutrogena, Redken e Vichy, só pra citar algumas da lista do PeTA.

Empresas que utilizam mão de obra escrava
Não adianta boicotar só a Nike e achar que tá bonita e trabalhada no consumo consciente. Até porque, depois do escândalo da escravidão oriental, a marca começou a adotar uma postura super sustentável. E, no fim das contas, a escravidão acontece em lugares muito mais próximos do que a China, como Brás, Pari e Bom Retiro. Nesses bairros de São Paulo com grande quantidade de confecções de roupas, imigrantes bolivianos em situação ilegal produzem peças em troca de alguns centavos e um local para dormir. Essas peças são vendidas nas lojinhas baratinhas dos próprios bairros em que são feitas, mas não só. Algumas grandes magazines, lojas de shoppings e boutiques de ruas glamurosas de outras cidades abastecem seus estoques no Brás e Bom Retiro, embora algumas troquem as etiquetas.

 

 

ONGs santistas de proteção e defesa animal
Cats of Necropolis
MAPAN
Defesa da Vida Animal

Filmes relacionados ao tema
Earthlings
A Carne é Fraca
Fast Food Nation

O buzz em torno da coleção Pele Mania da Arezzo foi positivo tanto pelo viés do consumo consciente quanto pelos direitos do consumidor. Mas há algo de contraditório nele. Há tempos que a marca produz calçados e acessórios em couro bovino, que também é uma matéria prima extraída de animais mortos, e em nenhuma troca de coleção houve tamanha comoção. Por quê? Será que de agora em diante os sapatos de couro também serão boicotados? Ou dar uma vida cretina e uma morte indigna para bovinos ainda é ok? Tem algo a ver com o fato de raposinhas parecerem cachorrinhos e bois serem bichos grandes, gordos e produtores de esterco? Ou o ponto central da questão é o churrasco?

Se ocorreu um repentino e massivo interesse pelo consumo consciente ou se pegaram a Arezzo pra Cristo em mais uma polêmica de internet, daquelas que desaparecem da memória com a mesma velocidade com que chegam aos Trending Topics, não cabe a mim dizer. Mas se todo mundo que nunca antes protestou pelos direitos dos animais e pela sustentabilidade abraçar a persona engajada que projetou nas redes sociais recentemente, trazendo essa postura ativa pra questões mais práticas e pessoais, a histeria coletiva valeu a pena.

Aqui o melhor post opinativo que li a respeito do caso Arezzo, postado pela Nuta Vasconcellos da GWS Mag, e que paradoxalmente se chama “Sobre humanos…“.
Em tempo: Anderson Birman, presidente e fundador do grupo Arezzo, fala à Folha sobre a polêmica.