Texto porLudmilla Rossi
Santos

Os melhores filmes de 2012 falam de música e família

Em 2012 assisti dois filmes que amei – e me atentei ao detalhe que eles se entrelaçam e falam sobre assuntos similares – com visões e recursos cinematográficos bem diferentes. Ambos tratam de música. Ambos colocam a carreira e a decadência como protagonistas. Ambos mexem com as nossas buscas e os nossos sonhos.

Não sei se esse post deveria estar aqui ou em outro blog que eu escrevo, o Mochila Binária. Mas senti vontade de publicá-lo aqui.

Amo música – mas até aí são poucas as pessoas que conheço que não desenvolvem uma relação tão profunda com a música. A minha relação com a música é bem simplista: ouço em camadas e sou obcecada por letras com expressão. E sim, sei que expressão varia de pessoa para pessoa.

Além desses dois filmes, poderia falar também de Tropicália, mas por ser um documentário bem pé no chão prefiro não incluí-lo nesse post.

Os dois filmes que cito como os (meus) melhores de 2012 são Aqui é o meu lugar (This must be the place) e Gonzaga (de pai pra filho). O trailer dos dois tá aí em baixo:


Aqui é o meu lugar (This must be the place)

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Gonzaga, de pai para filho

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“Aqui é o meu lugar” é um filme confuso, meio maluco, de 25 milhões de euros. Com Sean Penn e Talking Heads, música do David Byrne que aparece fazendo o papel dele mesmo. Não quero ser spoiler (e se você não quiser estragar a surpresa nem clica, mas essa cena no cinema é sensacional. E essa é destruidora – já avisando pra você não clicar se pretende ver o filme).

O filme retrata a busca pelo reencontro, usando como veículo a decadência e a frustração apontadas por atores excelentes em diálogos bem leves. O tipo de filme que retrata o óbvio, sem ser nada óbvio. Que retrata a esquisitice convencendo a gente de que tudo aquilo é normal. Apresentando a bondade saída dos lugares inesperados.

Não querendo abstrair muito, Sean Penn interpreta uma espécie de Peter Pan “Robert Smith” aposentado que busca sua referência. Não é a toa que a letra de This Must Be The Place retrata a essência do filme em si. Indo mais longe, retrata a perda de referências que acontecem conforme os anos passam para nós.

Do tumulto da relação pai e filho sai essa perda de referências.

E não é que é a mesma linha de desenvolvimento do Gonzaga? Do mesmo diretor de “Dois filhos de Francisco”, Gonzaga é um filme fantástico que também fala de carreira, decadência e tumulto familiar. Com mais humor e escalando o conhecimento musical nacional, foi outro filme que me surpreendeu. Também não quero ser spoiler – mas a capacidade de improviso do “Gonzagão” contada no filme é uma grande inspiração. Outro ponto: figurino impecável, locações incríveis e diálogos maneiros. E o fato de ser uma história real sempre me faz dar pontinhos a mais.

E dando aquela chafurdada no YouTube achei essa versão do David Byrne cantando Asa Branca. Tudo bem que Asa Branca já foi gravada por mais de 100 intérpretes, mas os meus filmes favoritos de 2012 estarem tão conectados por seus temas e músicas é ou não uma mega coincidência?

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