Texto porLuiz Fernando Almeida

Príncipe ou sapo?

Vivemos em um mundo cada vez mais ágil, rápido e seletivo, mas vamos combinar que ser seletivo é uma coisa, mas ser seletivo demais é outra? É aquele velho ditado: Quem muito escolhe acaba escolhido. Isso serve para mim também, admito!

Além da agilidade da vida, temos uma serie de padrões estéticos preestabelecidos como aceitáveis na comunidade LGBTT. Porra, se hoje em dia ate o sovaco precisa ser bonito (sabe aquela campanha de uma marca de desodorante?) imagina a que nível de exigência as pessoas chegaram…

Príncipe ou sapo?

Muitas vezes, a cobrança começa por nós mesmos, desencadeando em um efeito dominó que passa o crivo crítico para tudo e todos que nos cercam. De amigos, a companheiros de trabalho, de família a relacionamento. Cobramos o outro como se fossemos perfeitos, seres onipotentes acima do céu e do inferno. Ledo engano o nosso.

Temos que ser perfeitos, lindos, bem sucedidos, alegres, cultos, bem humorados, bem vestidos, másculos, falar grosso, bons de cama, dar um twist carpado, chupar cana e assobiar e ainda fazer gozar duas vezes sem tirar. Qual humano consegue tudo isso e ainda ser feliz? Se você conseguir, pode me ligar? To solteirão…

Aliás, sei muito bem que estou solteiro porque meu nível de exigência só fez aumentar nos últimos anos. Confesso que deixei inúmeras oportunidades passarem simplesmente porque não facilitei nem um pouco e fiquei preso aos meus padrões e sei que isso e uma grande bobagem. Falar e muito fácil, difícil, e por isso em pratica e eu confesso que tento fazer esse exercício diariamente. Também acho que a idade me deixou mais seletivo. Já não tenho mais tanta paciência pra gente enrolada, confusa, mentirosa e uma trepadinha só já mão me satisfaz tanto assim. Nada contra apenas tenho preferido algo mais consistente.

Tenho um amigo que só sai com caras musculosos. E o tipo que lhe agrada e um cara nada a ver, se declarou a ele. Ele deixou passar porque não conseguia se ver namorando com esse cara fora dos padrões que ele estabeleceu como ideal para namorar alguém. E optou em viver uma relação infeliz com um cara esteticamente perfeito porem que não tem a menor condição de suprir as outras necessidades dele. Vai entender a cabeça das pessoas ne? Cada um faz suas escolhas e paga o preço por isso.

A vida é complicada e todos estão aqui para aprender e crescer como pessoas, então por que se cobrar tanto? E pior, por que cobrar tanto a perfeição do outro, se nós mesmos não somos dignos de tanta perfeição assim?

Minha mãe sempre diz: Quem muito escolhe acaba escolhido e concordo que depois de anos ouvindo essa ladainha, aprendi a duras penas que é uma realidade. Dura, mas realidade! Até porque quando estamos realmente apaixonados por alguém, essas diferenças tem alguma importância além de cobrança?

Claro que não devemos abrir exceções demais e perder completamente o senso crítico ou critérios que sejam diferentes demais de nossa realidade, mas ser chato demais e idealizar o homem perfeito é, acima de tudo, imaturidade emocional das bravas!

Homem perfeito não existe! Talvez nos contos de fadas, mas já reparou que o Príncipe Encantado só aparece no fim da história para salvar a mocinha? Será que se fossemos mais a fundo em sua personalidade e caráter ele continuaria príncipe E encantado? OU viraria um sapo sem encanto nenhum?

Para alguns somos príncipe encantado, para outros, apenas o sapo! Quem muito escolhe, acaba vivendo na lagoa… sozinho!