Texto porNathalia Ilovatte

Não sei criar título para despedidas

Vou me empenhar para que esse post não fique cafona. Mas como ser legal e ser sucinta é exigir muito das minhas habilidades, há chances de ele ficar um pouco quilométrico. Tenham paciência.

Falar nunca foi o meu forte, talvez alguém tenha notado na palestra da Unisanta. Mas como eu não cheguei no nível de elevação espiritual das pessoas que conseguem guardar as coisas para si, tive que escrever para botar as coisas para fora. Entre cartas, cadernos e blogs com nomes vergonhosos, foi essa a habilidade que eu exercitei desde, sei lá, quando eu fui alfabetizada. Isso não quer dizer que eu seja Caio Fernando Abreu, mas é o que tem pra hoje.

Parece o começo de uma história linda e comovente sobre como eu fiquei rica escrevendo, só que não. Descobri que transformar uma habilidade em trabalho faz do seu hobby uma tarefa cansativa. Você não faz o que gosta por inspiração sempre. Você busca a inspiração, mas muitas vezes o texto nasce e se cria por obrigação, e isso cansa. E, como todo trabalho, escrever o dia inteiro te faz chegar exausta em casa e com vontade de não escrever.

Junto com essa realidade do proletariado veio a necessidade de não só botar meu conhecimento para fora, mas de trazer mais conhecimento para dentro. Afinal, para escrever eu preciso ter assuntos. E se eu não os tiver, a única coisa que eu sei fazer fica uma porcaria.

A decisão que isso me levou a tomar é sensata, eu acho. Estou saindo do Juicy Santos. O blog sempre foi levado como um hobby trabalhístico, mas ele também é muito sincero. Por mim, pela Flavia e pela Ludmilla, posso dizer que tudo o que é publicado aqui, seja porque tivemos a ideia sozinhas ou porque fomos abordadas por uma empresa, é um conteúdo em que a gente acredita e do qual a gente gosta. Nada aqui é uma obrigação. Então não seria sincero eu passar a ter outras prioridades na vida – e eu preciso tê-las no momento – e deixar tudo isso em banho-maria, postando de vez em quando só para marcar presença.

De hoje em diante o blog continua lindo, laranja e muito bem administrado pela Flá e pela Lud. Elas sempre fizeram um trabalho muito legal por aqui e tudo vai continuar cada dia melhor.

Acho que uma das coisas mais legais de trabalhar com aas duas é nunca fazer nada à toa. Tudo por aqui sempre foi pensado, planejado, discutido. E assim o Juicy Santos foi uma diversão que me ensinou muito sobre internet, comunicação e seres humanos. Também conheci pessoas maravilhosas, participei de eventos ótimos e cresci. Tudo valeu a pena, do começo ao fim.

Vou sentir saudade das reuniões que já passaram por todas as padarias e cafés dessa cidade, dos e-mails engraçados e do espaço para me expressar, trocar ideias, pensar e dar risada. E de aprovar os comentários das pessoas que estão até hoje brigando no post sobre a volta do Charlie Brown Jr.

Mas 24 é quase 30 e eu não quero continuar sentindo que é para mim aquele trecho de “Viena” que diz “Too bad, but it’s the life you lead. You’re so ahead of yourself that you forgot what you need”. Eu preciso de outras coisas agora e, assim como a gente tem que tirar alguns vestidos do armário para a roupa nova caber, na vida também é preciso abrir alguns espaços para que o novo se acomode.

Então a gente se vê por aí.