Texto porLuiz Gomes Otero

Acústicos e Valvulados apresentam novo trabalho

Com 23 anos de estrada, os gaúchos do Acústicos & Valvulados têm seis CDs lançados, dois DVDs e vários hits nas rádios e na cabeça do público, como “Até a Hora de Parar”, “Fim de Tarde Com Você”, “Remédio”, “O Nome Dessa Rua”, “Quintal”, entre outros.

Nste ano, eles lançaram o novo single “Efeito”, o primeiro lançamento após o álbum “Grande Presença!” (de 2010). A formação conta com Rafael Malenotti (vocal), Alexandre Móica (guitarra e vocal), Paulo James (Bateria), Daniel Mossmann (Guitarra), Diego Lopes (baixo e vocal) e Luciano Leães (Teclado).

O baterista Paulo James concedeu entrevista para o Juicy Santos, contando os detalhes dessa nova fase do grupo.

novo álbum da banda gaúcha

Nesse novo disco, vocês procuraram satirizar a situação do mercado fonográfico. Como é que vocês avaliam essa questão (gravação e divulgação do trabalho) nos dias de hoje?
Pois é, tá naquele clima “só rindo pra não chorar”! Tem gente que acha que o Rock Mendigo é uma invenção, mas é uma conclusão mesmo, uma realidade. A estrada nos mostra isso na prática. Poderíamos ficar nos lamentando, mas acabamos fazendo piada. É o nosso jeito de lidar com essa miséria artística e criativa que predomina no “mercado musical” atualmente. A gente é do tempo em que primeiro se fazia música, e depois a música era vendida. E hoje acontece o contrário, infelizmente. Os caras pesquisam o público, planejam as bandas, e daí lançam um trabalho. Risco mínimo, coisa de investidor.

Em um outro material de divulgação, vocês explicam que o disco é uma declaração de amor explícita ao rock. Há espaço para o rock na mídia hoje?
Pouco. Bem menos do que o estilo merece e representa na vida real. Mas sei lá, no fim das contas, parece que o Brasil não gosta muito de Rock, acho que nunca gostou muito…Mas a gente gosta, é a nossa vida! Então tocamos em frente, nadando contra a corrente, mendigando. E tá mais do que na hora de juntar quem tá pelo Rock e fazer barulho, ocupar espaço, incomodar um pouco esse cenário lamentável.

O cenário do Rio Grande do Sul produziu e ainda produz grandes bandas e músicos. O que há nesse estado que atrai uma grande concentração de bandas de rock?
É um mistério mesmo…uma espécie de resistência, de repente. Tem um livro bem legal sobre o Rock Gaúcho chamado “Gauleses Irredutiveis”, parodiando a resistência Gaulesa nas tirinhas do Asterix. Talvez ainda reste um pouco de “dane-se” por aqui, um pouco de fazer o que dá na telha, meio inconsequente. Mas nem por isso a gente quer ficar na sombra, no esquecimento. A turma produz e quer tocar, quer ser vista.

Como funciona o processo criativo da banda?
Muita coisa eu componho – sozinho ou em parceria – e depois a banda faz o arranjo. O Móica (guitarrista) também tem várias músicas nesse novo disco, e o processo é semelhante. E tem um lance legal, e inédito, que rolou recentemente: um som que a banda toda assina. Surgiu numa jam, durante uma session pro disco anterior, e finalizamos agora, pro novo disco.

Em 2013, o DVD “3xROCK”, registrou uma apresentação junto com as bandas gaúchas Identidade e Os Replicantes. Como foi essa experiência?
Muito boa! Uma típica noitada de Rock aqui no Sul. É um DVD independente, improvisado, quase artesanal, que se superou em termos de qualidade. E é bem bacana poder juntar a turma, as bandas, fazer o que a gente sabe fazer melhor, que é subir no palco e tocar!

Como foi a experiência de abrir para as bandas Echo & The Bunnymen e Strokes no Brasil?
Foram vitrines muito boas, basicamente isso. E uma baita oportunidade pra ver de perto uma estrutura profissional de show, de som, etc. Claro, sempre é casca grossa essa situação de abrir pra banda gringa, todo mundo sabe. Mas saimos ilesos – e lucrando – de ambas.

Qual foi a influência do Skank no trabalho da banda?
A turma do Skank (o baterista Haroldo e o tecladista Henrique) produziu nosso disco em 2001. São amigos, figuraças, gente finíssima, e muito interessados no som que a gente tava fazendo naquele momento. Deram uma contribuição essencial, soluções muito espertas. Rolavam várias coisas em comum, que acabaram gerando essa proximidade e que levou ao contato pra fazer a gravação no estúdio deles, em Belo Horizonte. O clima 60’s, as canções, esses eram os pontos em comum.

Quais são os planos para o futuro?
Em julho estaremos em São Paulo, lançando o “Meio Doido e Vagabundo”, nosso novo disco. E daí pra frente é divulgar direto esse trabalho! Também vem por aí um DVD reunindo os 11 clipes que produzimos pro disco Grande Presença! (2010). Todas as músicas ganharam sua versão em clipe, então vai ser muito legal apresentar pro público todo esse material.