Texto porLudmilla Rossi
Santos

Judith Levine = um ano sem compras

Judith Levine é uma escritora americana que passou UM ANO (sim, UM ANO!) sem comprar nada de supérfluo. A autora do livro Not Buying It: My Year Without Shopping, escreveu um livro que inspirou muita gente a fazer a seguinte reflexão: dentro desses ciclos tão rápidos da moda, e de uma obsolescência tão proposital, será que devemos MESMO comprar que nem loucos?

A Nathalia já fez um post sobre Consumo Consciente aqui. Por mais que seja tudo muito lindo e a gente deseje loucamente as novidades, peraí. Não é tudo muito programado pra estimular o consumo? Será que o fato de não desenvolvermos relações afetivas com os produtos a ponto de descartá-los tão rapidamente é saudável?

Judith menciona que Rudy Giuliani (prefeito de Nova York na época) falou aos americanos após o 11 de setembro: “Venham para Nova York! Comprem!”. E ela se questionou que “No meio daquele caos, a saída apontada era comprar?!”. Compras preenchendo lacunas eram homologadas pelo governo.

A imagem acima ilustra dois ícones interessantes: a TAG anti-consumo, e um sapato italiano – que prima pelo processo de produção e dura a vida inteira. Isso é fato. Quanto menores forem os ciclos, mais rápido será o processo de fabricação dos produtos, e muito provavelmente esse produto terá menos qualidade – de acabamento, matéria-prima e controle de qualidade, levando ao consumo de outro mais rapidamente. Muitos consumidores dispostos a construir relacionamentos de longa duração com produtos já sabem disso.

Essa desaceleração contribui para melhorar a qualidade e a produção e do produto. E aí podemos citar o vestuário de longa duração (clássicos de qualidade, como sapatos italianos e casaquetos Chanel), o trabalho feito à mão,  o artesanato. O foco no fazer, no produzir, nas etapas, remunerando bem fornecedores e mão-de-obra e escolhendo as matérias-primas adequadas, nunca as mais baratas.

Judith – quando questionada sobre o que mais sentia falta, respondeu: sorvete, cinema e restaurantes. “Minha identidade e minha vida social foram muito afetadas por eu estar fora do mercado consumista” – afirmou.

Como sempre, o equilíbrio acaba contando mais. A gente sempre acha que precisa de mais do que temos. Fazer comprinhas é uma delícia, movimenta o comércio, gera empregos, e tudo aquilo que a gente já conhece. Mas sempre é importante pensarmos se não estamos comprando coisas somente por não observarmos os ciclos programados dos quais estamos fazendo parte.

Judith Levine – Site oficial (em inglês)