Texto porLuiz Gomes Otero

Albert Pavão e a história do rock brasileiro

Um dos pioneiros do rock nacional, Albert Pavão conferiu de perto a chegada do estilo no País. E já publicou dois livros com informações valiosas e histórias sobre o processo de consolidação da nova onda, que acabaria resultando na Jovem Guarda e nos movimentos que seriam registrados nos anos seguintes.

O mais recente se chama Do Blues à Jovem Guarda e já está a venda em livrarias da Capital e online -você também pode comprar direto do autor, como ele explica no final desta entrevista para o Juicy Santos.

www.juicysantos.com.br - entrevista com albert pavão, que conta história do rock brasileiro

Albert conta detalhes sobre o livro e algumas histórias daquela época inicial do movimento musical que acabou se tornando mania nacional.

Seu novo livro, do Blues a Jovem Guarda, mostra a relação direta do rock´n roll internacional com o que passou a ser produzido no Brasil. Na sua visão, quando foi que tudo realmente começou no Brasil?
O rock internacional chegou ao Brasil, inicialmente com Bill Haley e depois com Elvis Presley, Little Richard e outros mais do classic rock. Mas somente após o advento do pop rock de Paul Anka, Neil Sedaka e outros é que esse gênero começou a ganhar popularidade no Brasil, inclusive com versões de gente como Carlos Gonzaga, Sérgio Murilo e os irmãos Tony e Celly Campello.

No que esse novo livro difere do seu livro anterior sobre a História do Rock no Brasil?
Meu novo livro é bem mais amplo do que o anterior e focaliza o rock internacional com mais profundidade, alem de percorrer toda a jovem guarda, passando pelo tropicalismo, indo até o ano de 1970, quando surgem nomes como Tim Maia e Raul Seixas, entre outros.

albert-pavão-livro

Como era a relação dos artistas de rock daquela época com a mídia?
A relação dos artistas de rock e da jovem guarda com a mídia, nos anos 60 era muito boa. Eu mesmo tinha muitos amigos que escreviam para a Folha de SP, o Estadão e revistas como Revista do Rádio e Radiolândia.

Sua irmã, Meire Pavão, foi uma das personagens citadas da célebre Festa de Arromba, composta por Roberto e Erasmo Carlos. Como era a relação de vocês com a Jovem Guarda?
Minha irmã era mais da Jovem Guarda do que eu. Eu gostava mais de rock and roll e sempre que possivel cantava algum rock nos programas, a exemplo do meu amigo Prini, que cantava no programa do Roberto, mas era adepto do rock and roll.

Quais foram os momentos mais marcantes na sua carreira na música?

A minha carreira musical foi programada para levar uns cinco ou seis anos, porque eu nunca deixei de estudar e me formei. Já a Meire ficou muito mais tempo, mas também parou em 1970 para se recuperar nos estudos. Meus momentos mais marcantes foram o lançamento de “Vigésimo andar” que tocava nas rádios sem parar no final de 1963 e início de 64 e também meu primeiro disco pela Chantecler que tinha “Biquininho” de um lado e “Meu broto só pensa em estudar” do outro.

Entre as lendas que costumam contar sobre a Jovem Guarda, está a questão de um suposto bairrismo dos artistas que moravam no Rio de Janeiro. Isso existia mesmo ou não?
Eu nunca falaria em bairrismo, mas sim em dificuldades que os produtores do programa Jovem Guarda, da TV Record, colocavam para que algum artista jovem que estava nas paradas pudesse se apresentar. No meu livro novo eu falo abertamente sobre isso. Parecia que eles queriam “exclusividade” em se apresentar naquele programa. Ronnie Von foi quem mais sofreu com isso…

Outro fato curioso que alimenta lendas é a questão do primeiro disco do Roberto Carlos, o Louco por Você, que até hoje ele não deixou relançar, por achar que não foi bem gravado na época. O que você acha sobre isso?
Na verdade, o LP “Louco por você”, que é um tremendo objeto de desejo dos colecionadores, não tem um nivel técnico comparável aos albuns que Roberto veio a lançar depois. Mesmo assim, creio que Roberto Carlos foi muito rigoroso com seu primeiro trabalho em LP e procurou deixá-lo à margem de futuros lançamentos. Só agora, me parece que o iTunes adquiriu as canções dessa gravação.

Nos últimos anos, houve uma guerra em torno das biografias não autorizadas. Qual é a sua opinião sobre o assunto?
Eu sou favorável á liberação das biografias e acho que a pior coisa que pode existir é uma biografia “chapa branca”, ou seja, autorizada pelo artista.

Como é que o público interessado pode comprar o seu livro?
Meu livro foi lançado pela Edicon, que é uma editora pequena de São Paulo com quem mantenho uma relação muito boa. Só que ela não coloca meus livros nas principais livrarias. Por exemplo, em São Paulo só existe na Livraria Loyola, onde fiz um lançamento no final de maio deste ano. Mas meu livro é ainda encontrado na loja Baratos Afins (Galeria do Rock) do amigo Luiz Calanca e na loja Museu do CD, na Avenida Paulista, 1499.

Aqui no Rio, meu livro é encontrado em duas livrarias: a Arlequim e a Folha Seca, ambas no centro. Estou para colocar alguns exemplares na Livraria da Travessa que tem em vários shoppings por aqui. De resto, minha venda é pelas redes sociais e internet e a primeira edição já está quase no fim. Quem quiser adquirir o livro, pode faze-lo nos locais que citei ou mesmo comigo, por meio do e-mail [email protected]. Já mandei quase 400 livros pelo correio este ano e não tive nenhuma reclamação de algum não ter chegado.