Texto porLuiz Fernando Almeida

A noite gay da Baixada Santista na atualidade

Vou começar esclarecendo a vocês, meus três leitores, que entrei em contato  com todos os proprietários de casas noturnas LGBT da Baixada e enviei uma entrevista na ultima terça-feira 23/04, solicitando resposta da mesma ate segunda-feira 29/04 e não obtive retorno de NENHUM DELES até o fechamento desta matéria. Falta de respeito com este veiculo que é o único na Internet voltado ao publico LGBT da região e falta de respeito com o público de suas casas noturnas, pois dessa forma, abriram mão de fomentar uma discussão saudável e objetiva através de um canal de comunicação rápido como a internet. #chatiadíssima

Enviei perguntas que tinham como objetivo colocar em pauta uma discussão a respeito da cena noturna do segmento na atualidade para que dessa forma, pudéssemos traçar um perfil de como as coisas andam por aqui. Não perguntei nada demais, nada comprometedor, nada ofensivo. Por que tanto medo de responder uma entrevista?

Diante da negativa deles, eu resolvi escrever a matéria sob o meu ponto de vista, pois não tenho porque me acovardar já que não devo nada a ninguém e como cliente, e olha que sou cliente dos bons, tenho direito a refletir sobre o assunto.

Eu venho sentindo que estamos numa fase BORING. Tem muito do mesmo rolando por ai. As casas noturnas e festas tem feito um rodízio de atrações na maioria das vezes DJS e Cantoras e o publico se reveza nos lugares atrás dos seus artistas preferidos. Obviamente, sempre irão existir os artistas que tem a predileção do publico em qualquer lugar do mundo, mas isso não isenta ninguém da possibilidade de diferenciar um pouco.

Acho um saco sair pra dançar e conhecer o set inteirinho do DJ convidado porque normalmente, ele muda uma ou outra musica. Me irrita mais ainda ouvir o mesmo hit tocado inúmeras vezes numa mesma noite. Os caras não se dão ao trabalho nem de tocar uma versão diferente. Claro que tem muito DJ bacana na cena e eu sempre que posso elogio e reverencio nem todo mundo e oportunista nesse ramo.

A coisa esta tão nesse nível que tem produtor de festa SUBORNANDO (essa é a palavra correta) DJ para que ele não se apresente na festa do coleguinha (que não acontece no mesmo dia e horário) apenas pelo prazer de mostrar poder e tentar destruir o trabalho do outro. O que é isso, minha gente? Resquícios do coronelismo? Se você percebe que seu evento ia muito bem e de repente, começa a perder publico porque deixou de ser a única opção o que você faz? Vai se reciclar pra inovar e fidelizar sua relação esse público ou sabota a festa do coleguinha? Isso e tão 90´s, Deus é mais! E o DJ que se submete a esse tipo de proposta? Merece de fato o respeito do publico que PAGA pra vê-lo tocar?
Tem alguma coisa errada ai… Quem sai prejudicado na verdade e quem faz a marmota porque perde credibilidade e numa cidade deste tamanho a noticia corre rápido e o “artista” que se submete a esse tipo de jogo sujo.

Repetir a formula de sucesso por muito tempo, não é vender conceito. Criar conceito vai, além disso. Os profissionais de entretenimento precisam quebrar a cabeça para conceituar seus eventos de um jeito em que o público crie além do entendimento, um conhecimento e uma experiência forte com a marca no caso, o Club ou festa.

Hoje, a exigência do consumidor e o mercado cada vez mais competitivo neste segmento exige dos empresários um envolvimento maior com os clientes. E o envolvimento com os clientes não se restringe apenas as redes sociais ou ao bate papo durante a noite, mas sim numa pesquisa mercadológica pra saber o que o publico quer ou precisa.

Antigamente, o show de Drags e Travestis eram o momento ápice das noites aqui na Região. Hoje, a musica, ocupa lugar de destaque e os DJS dos clubs gays que antes não tinham o reconhecimento merecido, começaram a despontar.

É em função do trabalho de alguns desses artistas, que demanda muita pesquisa, que nos conseguimos nos manter sintonizados com o que esta tocando nas pistas do mundo todo. Tudo muito mainstream, mas não deixa de ser bacana.

As Divas ainda estão lá, bombando nas pistas, mas o BPM (batida por minuto) aumentou e o som vem repaginado. Mesmo assim, ainda existe certa resistência em experimentar o novo com medo do afastamento do publico.
Repetir o formato de eventos que acontecem na capital sem criar uma identidade própria torna tudo muito chato.

Essa mesma musica, influenciou de forma determinante no comportamento desta nova geração que consome tudo de forma rápida e descartável como se não houvesse amanha. O som ficou mais pesado, as roupas mudaram e o comportamento dentro e fora dos Clubs também. Tudo muda numa velocidade que da ate certa tontura ao acompanhar. A minha labirinbeesha! Se antes uma noite ia ate as cinco da manha, hoje ela pode durar dois dias tranquilamente emendando uma festa na outra.

A noite não se resume a festas e ferveções, mas historicamente, também influencia a moda, tendências, música e comportamento da juventude de cada década. E a juventude, esta cada vez mais exigente e conectada com o que acontece consumindo tudo em tempo real.

Partindo deste principio, entendo que não há mais espaço para amadorismo e nem para a falta de comunicação com o publico e com a imprensa. Para acompanhar o crescimento e a demanda que tende a aumentar com as previsões de ocupação da região devido ao pré-sal, será necessário à criação de um calendário de eventos feito pelos donos de Club e Produtores para que as festas não batam datas e dessa forma, possam oferecer eventos mais bem amarrados. No Rio de Janeiro, os produtores costumam conversar sobre as datas da alta temporada e ao longo do ano. No caso dos Clubs, isso e impraticável, mas as festas poderiam pensar numa solução como esta.

Além disso, os Clubs precisam começar a entender que tem papel social além do entretenimento puro e simples e começar a desenvolver outras atividades além das noites tradicionais. No mundo todo, os Clubs gays envolvem-se com atividades culturais e sociais trabalhando o entorno onde estão situados. E uma forma bacana de deixar uma imagem positiva junto à sociedade civil que não frequenta e na maioria das vezes não entende o que acontece ali, reprovando e fazendo de tudo pra atrapalhar o funcionamento dessas casas. O dialogo, sempre e a melhor solução.

Entendo que existem milhões de dificuldades, os custos são altos, e manter um padrão de qualidade requer investimento e muito jogo de cintura, ainda mais na baixa temporada. Mas existem tantas ferramentas de marketing promocional que não são utilizadas pelos estabelecimentos, talvez por falta de conhecimento, talvez por acreditar que em time que esta ganhando não se mexe, mas e necessário que haja um preparo e principalmente uma preocupação maior em inovar.

Todos os Clubs e festas aqui tem feito um bom trabalho no que diz respeito ao capricho. Quem frequenta, percebe que existe um empenho em oferecer o melhor. Festas temáticas, decorações bem feitas, tudo pra tornar o espaço num lugar diferente pra quem frequenta assiduamente e interessante pro turista que visita. Mas se a musica virou a atração principal da noite, e importante que exista uma preocupação maior nesse sentido. Pra que criar uma máfia? Pra que estabelecer um circuito de DJS pra muitas vezes economizar em cache? Quem sai perdendo e o publico, mas na sequencia os próprios empresários em função do saturamento. Dai, cria-se um circulo vicioso novamente com outras atrações. Chega ne?

Não estou fazendo uma reclamação, o que eu quero, e apenas colocar em discussão algo que tenho percebido e que muita gente tem comentado comigo seja ao vivo ou nas redes sociais. Encarem como uma critica construtiva de alguém que adora se divertir e tem conhecimento do ramo por ter trabalhado 16 anos na noite em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. Acho que tenho um pouco de khow how pra falar do assunto.

Espero ter dado minha contribuição de forma positiva

Um bjao