Texto porJuicy Santos
Santos

Santista Luiz Cláudio mostra sua arte em disco

 

Uma das coisas que me dá mais prazer como jornalista é ter a chance de escrever sobre talentos musicais revelados no Litoral. Pelo simples fato de poder constatar que esses talentos não ficam nada a dever para os que surgem na Capital ou no Rio de Janeiro.

Luiz Cláudio é um desses artistas tipo prata da casa, que se encaixa nesse pertfil. Ex-integrante do trio Jornal do Brasil, que tinha Julinho Bittencourt e Biela completando o grupo, o músico traz na bagagem noites e noites tocando clássicos de nossa MPB no Torto Bar, no Boqueirão. E agora lança um bonito e bem cuidado CD com composições próprias e de outros autores.

Suas influências musicais são tão diversas, que é uma tarefa difícil rotular seu primeiro trabalho como artista solo – o CD que leva apenas seu nome no título. Trata-se de um caldeirão de influências musicais, que vai do samba de raíz (vide o projeto Cavalo de Praia) até o rock dos Beatles, o reggae de Bob Marley e tantas outras vertentes musicais da música pop.

O disco é dividido em três partes, identificados por três letras. Abre o Lado A com característica plural no âmbito musical. Tem Pai Joaquim, um samba com influência da cultura africana na percussão. E segue de forma brillhante com Santo de Barro, com introdução cantada a capela por Luiz Cláudio,  com varias vozes em tons diferentes. Váisse é cantada inteiramente a capela e tem letra quase minimalista, que brinca com os sons das letras. E Sassariuca encerra o tal Lado A ao ritmo do reggae.

O Lado B tem o amor como linha mestra. Paixões, uma balada cantada somente ao violão, e as canções Canção Para Consolar Uma Amiga Que Amo e Ana II exalam sentimento e emoção, junto com o poema Estrela e Farrapo, de Valdir das Neves.

O Lado C tem Imigrantes, canção com a qual todo usuário de ônibus fretado ou que vai trabalhar com o carro na Capital Paulista  vai se identificar com a letra que cita até o espetinho do Frango Assado na parada da rodovia. Completam esse lado as canções Curinga, Força Interior e Entre o Cérebro e o Coração, esta última em ritmo de tango, além do  samba Negão Almeida (de autoria do jornalista Luiz Nassif).

A canção Aplauso fecha o disco, com uma letra que serve como mensagem de agradecimento para o público (Esse aplauso enche o coração/Esse Olhar/Sorriso Atento Num Canto/Grudado ao Som Da Canção…).

Não poderia deixar de mencionar o auxílio que Luiz Cláudio teve para a gravação do disco. Músicos tarimbados como Alexandre Birkett (que por sinal faz um belo solo de guitarra em Pai Joaquim), Mauro Hector, Cláudio Honorato, Luiz Tuti, entre outros, foram decisivos para o sucesso desse trabalho.

Creio que valeu a pena esperar tanto para ter a chance de poder ouvir o santista Luiz Cláudio em um disco, com 100% de sua produção autoral e de intérprete. Hoje, temos um CD de extremo bom gosto para quem curte a nossa boa e velha MPB de qualidade. Um trabalho que trata com respeito nossos ouvidos e, principalmente, nossas mentes e corações. Valeu xará!

By: Luiz Otero