Texto porNathalia Ilovatte
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Vestidos de festa da loja Vida Bandida

Eu acho que as precursoras do color blocking são as vitrines de roupa de festa, que sempre, desde que eu me conheço por gente, exibem três ou quatro modelos de tafetá roxo, mais uns três de tafetá prata e um ou outro de cetim azul royal. E tudo meio parecido, meio combinando. Com exceção dos broches de strass e, depois de Michelle Obama, da faixa diagonal, com todo o respeito e sem querer ofender, tudo me parece meio padronizado desde 1995.

Mas isso não me incomodava e eu achava até engraçada essa peculiaridade das “roupas de coxinha”, até que eu cheguei àquela idade em que os amigos começam a casar, e a água bateu na minha bunda. Depois de alguns improvisos e algumas ajudas da sorte em brechós e lojas legais como a Emme, que nem trabalha com roupas para dias especiais, chegou o árduo momento de encarar essa puta vida injusta e sair à procura de um vestido de festa nas lojas que isso oferecem.

Aquilo que eu achei por aí
O que eu constatei nas minhas buscas foi que Santos tem opções relativamente boas em boutiques. E essas opções boas e que me apetecem custam uma quantidade de dinheiro equivalente a um mês de aluguel de um pequeno apartamento, portanto, não rola.

Já as opções que custam menos do que morar sozinha são também meio engraçadas. Garimpando eu até achei alguns vestidos que saem (um pouco) do óbvio e do entediante pela bagatela de 500 realidades, em média. Não é bem quanto eu queria pagar, mas pelo menos não chega à prestação do financiamento da Caixa.

Por que procurar em São Paulo
Só que aí, passeando pelo shopping Iguatemi, vi um vestido maravilhoso que eu amei muito mais por 650 reais, na vitrine da Iódice. Da (leia em câmera lenta) Iii-óóó-diii-ceee. Mas espera um pouco. Um vestido que eu corto um braço fora e dou pro cachorro comer se não tiver vindo do Brás ou do Bom Retiro custa só 150 pilas a menos do que um modelo de um dos shoppings mais caros de São Paulo e de uma loja com moral para desfilar na maior semana de moda da América Latina? Bitch, please.

Então eu fiz aquilo que a gente faz quando tá injuriada e com preguiça de continuar tentando incessantemente como um mártir do dress code de casamento: fui comprar em São Paulo.

Após algumas andanças e muita força de vontade para resistir ao Brás, fui parar no meu destino favorito: a Galeria Ouro Fino, localizada na Rua Augusta, entre a Alameda Lorena e a Oscar Freire. Amo aquele lugar desde os 15 anos, quando eu tinha muita liberdade para vestir o que quisesse e nenhum dinheiro no bolso e, portanto, ia lá só para cobiçar. Agora que eu sou uma adolescente de quase 24 anos da classe proletária, sou a pessoa mais feliz do mundo.

Procurei na Virgin Again, na Fock, na Santa Clara (que não tem nada a ver com aquela do Pátio Iporanga), vi peças legais por lá, mas eu virei uma consumista feliz quando entrei na Vida Bandida.

A loja tem uma inspiração meio romântica, mas meio Alice no País das Maravilhas versão Tim Burton, e as peças são exclusivas. Da loja e suas. Porque cada modelo é feito só uma vez, em um tamanho, então ninguém nunca vai usar o mesmo vestido que você, a menos que tenha comprado uma réplica xexelenta. A estilista da marca, Zizi Serrano, pode repetir corte ou tecido, mas nunca os dois juntos na mesma roupa.

O preço, na minha pão-dura opinião, é justo. Os vestidos custam entre R$100 e R$300, e todos têm detalhes como rendas, fitas de cetim, mix de estampas e transparências com sobreposição. Como meu objetivo era achar um vestido eu garimpei só essa parte da loja, mas a Vida Bandida também tem saias, corsets, sapatos e acessórios.

A marca tem uma característica que pode ser vantagem para uns e desvantagem para outros: a modelagem pequena. Eu, que sou uma minipessoa, fui feliz porque tudo o que eu experimentei serviu (megera!). Mas se você for meio plus size vai ter alguma dificuldade ali.

O atendimento da Vida Bandida também é ótimo. Quando eu fui, a Zizi estava por lá e me deixou à vontade para escolher o que eu quisesse, sem ficar metendo o bedelho que não foi requisitado, mas opinou quando eu pedi, explicou o caimento das peças e ainda ficamos um tempão batendo papo. Merece a faixa de Miss Simpatia.

Dress code
A loja tem algumas saias longas de tule e babados, mas não tem, pelo menos no momento, vestidos longos. Mas isso não impede ninguém de procurar ali a roupa certa para um casamento. Nesse tipo de evento, a menos que os noivos façam alguma exigência, vale usar longuetes (se você for longilínea, porque saia midi achata a valer) e vestidos até o joelho, desde que não sejam de malha, viscolycra e esses materiais de roupa pra tomar sorvete no calçadão. Só não vale apelar para o longo de paetês bordados e fendas tão enormes que deixam a costura do Push Up Body Dr. Rey à mostra porque não é educado tentar aparecer mais do que a noiva. Aquele vestido com fundo branco ali em cima também é meramente ilustrativo, se você aparecer de branco no casamento de alguma amiga minha eu faço questão de derramar vinho tinto na sua roupa. Um oferecimento de Érica Minchin moda e consultoria, que esclareceu minhas dúvidas sobre dress code.

A Vida Bandida fica no número 215 da Galeria Ouro Fino. Rua Augusta, 2690, São Paulo-SP. Tel. (11) 3085 1169