Texto porFlávia Saad
Santos (SP)

Jornalista prata da casa: Patrícia Diguê

A jornalista caiçara Patrícia Diguê é um terço do blog 3xTrinta, que conta as aventuras de uma solteira (que é a Diguê), uma casada e uma divorciada – todas na faixa dos 30 anos. Os textos são deliciosos de ler, a gente se sente realmente numa mesa de bar tomando cerveja em companhia das moças.  

blog da jornalista Patrícia Diguê

A jornalista trabalhou por alguns anos na redação de A Tribuna, onde ganhou o prêmio CPFL de Reportagem em 2006 com uma matéria que mostrava a lenta chegada da luz elétrica ao longínquo bairro do Iriri, área continental de Santos. Depois de uma temporada de 2 anos em Londres, ela agora mora em São Paulo e é repórter da revista Istoé. Ah, e importante: assim como eu, Diguê é adepta da corrida! O Juicy entrevistou Patrícia para saber mais sobre esse projeto paralelo.
 

Como surgiu o 3xTrinta?
O blog surgiu em 2008 de uma conversa que a Isabela e a Débora estavam tendo pelo MSN sobre relacionamentos e sobre as diferenças de visão entre os estados civis. A Débora era casada e a Bela estava se divorciando. Aí decidiram fazer o blog e colocaram uma solteira pra ficar mais completo. Por dois anos foi a Giovana, que teve que se afastar, e eu assumi o posto da solteira em outubro do ano passado, quando o blog fez aniversario de dois anos. Além de uma nova solteira, o site mudou o layout e entrou no twitter e no facebook. Agora nosso sonho é transformar o blog em .com, mas precisamos de patrocínio para isso. Ah, as duas se conheceram no Valor, onde tabalhavam. Eu conheci a Débora aqui na Istoé, entramos praticamente juntas na redação, sentamos uma do lado da outra e fofocamos o dia todo.

Como o público tem respondido à proposta do blog?
Temos um público fiel, que faz comentários todos os dias, lembra de coisas que escrevemos no passado e até cobra quando uma das três dá uma sumida. Percebemos que depois de entrarmos nas redes sociais temos seguidores novos todos os dias. A grande maioria acompanha e não comenta. Tem gente que gosta tanto de um post que linka no Facebook ou no Twitter. É gostoso este feedback. Só não gostamos quando copiam e colam os textos sem dar o crédito do blog ou plagiam nossas ideias, tipo fazendo um post em outro blog parecido mas quase igual sabe? Ex-maridos, namorados e peguetes sempre espionam (risos)

Esse não é seu primeiro blog. O que você escrevia antes dele?
Acho que me convidaram para o posto justamente por eu já ser blogueira. Tem o meu Olhar Atento, criado em 2006, que era mais um canal para eu botar lá uns pensamentos e treinar meu texto livre. Foi um importante exercício para me soltar das regras dos textos jornalísticos e aprender a escrever com mais leveza, mais coloquialmente. Ele ainda existe, mas não consigo dar conta dos dois. Tenho copiado lá alguns que gosto do 3×30. Mas nem todos porque a proposta do atual blog é diferente, então quando se trata de algum texto mulherzinha demais não boto lá não. A grande diferença entre os dois porém é a periodicidade. Antes escrevia quando dava na telha, não me sentia obrigada a postar se não tivesse vontade. Mas este tenho o compromisso com as outras colegas e também com os leitores, então tenho que me virar pra escrever dois posts por semana. Ah, o sonho das três é viver só do blog e largar nossos empregos (risos).

Patrícia e as meninas do 3x30 

Como vocês pautam os assuntos no blog? Tem alguma linha definida ou cada uma escreve o que tem vontade?
Cada uma escreve o que tem vontade. A proposta é justamente ter um espaço sem amarras ou regras. Vale tudo. A gente se reveza, mas quando uma está enrolada, não tem estresse, as outras duas postam de novo. Ideias não faltam, mas falta tempo. Cada uma tem um estilo diferente. A Débora consegue falar mais de coisas pessoais, não tem medo de se abrir. Eu sou meio termo, sei lá, difícil falar sobre o próprio estilo, e me preocupo bastante em divulgar a gente nas redes. A Bela é mais discreta, gosta mais de contar histórias dos outros e tem uma super paciência com os leitores, responde absolutamente todas as mensagens e escreve posts sobre eles. 

Quando você morou em Londres, que diferenças notou em relação a brasileiros e ingleses quando se fala de paquera, namoro, casamento?
É bem diferente. Como a Inglaterra é menos machista, meninos e meninas parecem ter direitos iguais na hora da paquera, ou seja, elas dão o primeiro passo numa boa, sem que eles as julguem vulgares. Elas bebem tanto quanto eles, sem se sentirem menos princesas por causa disso e eles não pareciam julgá-las por isso também. Confesso que fiquei meio perdida, porque aqui a mulher olha e o homem vem, não é? Lá, se a mulher ficar só olhando discretamente, ele vai ficar em dúvida se vc está mesmo interessada e não vem falar com vc nem a pau. A gente também não vê nas baladas de lá gente se amassando nas paredes como se estivessem em um motel. Os caras não saem botando a mão aqui e acolá logo depois do primeiro beijo. Os namoros também têm mais essa pegada diretos iguais, e dos dois lados, ou seja, homem não paga conta de mulher. Casamento não sei, mas com certeza o machismo nas relações é menor.

E de namoro pela internet, o que acha?
Acho válido e acho que as pessoas estão perdendo o constrangimento de assumir isso. Afinal, se hoje fazemos um monte de coisa pela internet pq não arrumar parceiros também? Eu, por ser de uma geração mais velha, não me sinto muito a vontade, por isso, não rolou de eu encontrar alguém on line. Mas uma vez entrei para experimentar, achei complicado, e não consegui separar o que era tarado do que era pretendente. Enfim, desisti.

Qual é o melhor remédio para uma separação, na sua opinião?
Tempo, amigos, esportes. Não sou daquelas que acha que coração partido só se concerta com um novo amor. Acho que a pessoa precisa passar por um processo de auto-conhecimento primeiro, lidar com seus fantasmas e se sentir bem com ela mesma antes de partir pra outra. Mas cada um sabe da sua dor. No meu caso, admito um erro: não me permiti sofrer, queria mostrar que estava bem, e o processo demorou mais. Não berrava e chorava, aí implodi. Enfim, mais um lição talvez seja pensar que vc não é a única a passar por isso, que quase todo mundo passa e que vc não precisa ser diferente, errou, fracassou, se fudeu, como todo mundo, porque afinal precisa ser perfeita? Isso é uma grande libertação.

Dá uma dica prazamigas solteiras: quais são os melhores lugares pra se paquerar hoje? Se tiver alguma dica em Santos, melhor ainda.
Aí do lado é o melhor lugar. Quero dizer que a gente tem que parar de separar as coisas, a gente precisa estar sempre de olho nas coisas boas a todo momento, mesmo nos mais chatos, deixar as coisas acontecerem e dar chance para o acaso e o improvável. Muita gente durante a semana fica olhando pro chão de tão ocupado, aí só sai pra se divertir sábado sim sábado não em uma balada e acha que o amor de sua vida vai estar ali. As coisas não podem ser assim tão calculadas, por isso há tanta frustração.

Do que você sente mais saudades daqui da região?
Pelo menos uma vez por mês estou na Baixada. Sinto saudades das amigas e de sair de casa andando pra ir correr na praia. Sinto falta também de olhar a Ponte Pênsil com o sol nascendo na volta da balada.