Bate-papo com Chiara Gadaleta

A gente adora comprar produtos diferentes e novidades, como você já deve ter percebido. Mas comprar loucamente e como se não houvesse amanhã datou e agir como se nada mais além da própria satisfação fosse relevante ficou cafona.

Por isso, estamos em busca de um modo mais sustentável de ser it-girl. Brinks, a gente não é it-girl. A busca é por uma maneira de aliar sustentabilidade à vida urbana, e nós até já encontramos algumas soluções, viu.

Nessa procura nós também encontramos a Chiara Gadaleta, ex-modelo, estilista, designer, apresentadora do programa Tamanho Único, da GNT, e fundadora do Instituto Ser Sustentável com Estilo, o #SSE, que propõe justamente o que nós estamos buscando. Miss simpatia e superacessível, ela bateu um papo com a gente e falou sobre SPFW, brechós e slow fashion.

JS – Quais são os seus critérios na hora de comprar roupas, acessórios e maquiagem?
Chiara – Vejo sempre através da etiqueta como e onde o produto é feito. Procuro comprar maquiagens e produtos de beleza de empresas que não fazem testes em animais e que usam matéria-prima orgânica. Quanto às roupas, procuro consumir o que é produzido no Brasil e adoro brachós.


JS – O #SSE fala sobre valorização das capacidades locais. No entanto, estamos habituadas ao fast fashion, à praticidade dos shoppings e às peças produzidas em grandes quantidades  para suprir a demanda de grandes redes. É possível romper com esse hábito?
Chiara – Só vamos romper se começarmos a questionar e pensar antes de consumir. Sempre digo que o consumo é um ato de responsabilidade e que cada um pode deixar a sua mensagem comprado essa ou aquela roupa. Precisamos avaliar o quanto efetivamente necessitamos daquela peça e principalmente sob que condições de trabalho ela foi confecçionada. Tenho certeza que ninguem quer vestir uma roupa que foi feita por trabalho escravo e exploração do trabalho infantil . Precisamos consumir de uma maneira mais lúcida. Olhar o que aquela peca tem por tras da etiqueta.

JS – Como andar na moda e ter estilo, consumir de maneira sustentável e gastar pouco?
Chiara – Os Brechós e as feiras de trocas estão cada vez mais na moda. Eu sempre adorei comprar em brechós e além de consumir peças que já existem, por isso não fazem parte de uma produção em escala, você constrói seu estilo de uma maneira mais pessoal. Afinal, só você vai ter aquele vestido ou aquele colar. Por outro lado, os grandes magazines têm uma grande responsabilidade na educação de seus consumidores. Cabe a eles colocar produtos de moda cosciente, com preocupação socioamebiental, nas prateleiras. Peças que poderiam ser feitas com fibras orgânicas e até confeccionadas por ONGs. O #SSE tem um projeto com essa proposta sendo finalizado e estamos procurando parceiros.

JS – O último SPFW teve uma proposta mais verde, com plantas e luz natural. Você nota essa tendência também entre as marcas que desfilam no evento?
Chiara – Muito pouco, mas estamos no caminho. O importante é questionar sempre e não esperar que nenhuma marca ou grife faça isso por você.

JS – Que dicas você dá para quem quer começar a ser sustentável?
Chiara – 1) Começe em sua casa: recicle seu lixo e caso não tenha coleta seletiva em seu prédio, leve para alguma das unidades do Pão de Açucar. Esse ato significa o primeiro passo para sua conexão com a nossa sociedade atual;
2) Analise sempre as etiquetas antes de comprar qualquer produto de moda. Veja onde foi feito e questione por que não foi feito aqui no Brasil;
3) Incentive o uso do vintage. Dessa forma você vai construir seu estilo pessoal e usar peças com muita personalidade e vai incentivar o slow fashion*;
4) Pesquise e se informe sobre tudo relacionado à  Nova Era da Moda, essa nova maneira de pensar, mais consciente e moderna;
5) Incentive o uso e o consumo de roupas feitas de fibras orgânicas e os alimentos orgânicos. São um pouco mais caros (ainda, isso vai mudar logo) mas temos certeza que estamos comendo com saúde e não produtos químicos.

*Slow fashion é o contrário de fast fashion (orly?): produção de peças duráveis e elaboradas para serem usadas em várias estações. Algo menos descartável, sabe? Para saber mais, veja o texto de Alessandra Gimenez para o Fashion Bubbles.